Bate-papo

Além da trajetória do artista

Retratos de Artista: Molduras do Pensamento traz o compositor Paulo César Pinheiro para conversa, no CentoeQuatro

Por Vinícius Lacerda
Publicado em 16 de abril de 2014 | 03:00
 
 
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Aos 13 anos de idade, o compositor, escritor e músico Paulo César Pinheiro admirava a lua cheia na casa de uma tia em Angra dos Reis. Tomado por “uma inexplicável agonia que doía a até no nervo”, o artista conta que, nesse momento, avistou um lápis e rabiscou os primeiros versos de sua vida. “Eu entendi que aquilo (o ato de escrever) foi o remédio para a agonia que sentia. Desde então, nunca mais parei”, afirma.

Relatos como esse, são a base para as conversas promovidas pelo projeto Retratos de Artista: Molduras do Pensamento, que recebe, nesta quarta, Paulo César Pinheiro, um dos compositores brasileiros mais prolíferos e plurais deste século.

Pinheiro é conhecido por parcerias com nomes importantes da música popular brasileira. Entre eles estão João Bosco, Tom Jobim, Lenine e Clara Nunes – com quem foi casado. Uma das parcerias mais conhecidas, porém, foi com o violonista Baden Powell. “Ele foi meu segundo parceiro (o primeiro João de Aquino, primo de Powell). E começamos a trabalhar juntos quando eu tinha 16 anos e ele, 28. Então no início, foi como se ele fosse um pai para mim, daí fiquei mais velho e viramos irmãos. No final da vida (dele), foi eu que virei o pai dele”, relata Pinheiro.

Atuante, o versátil artista das letras não para de produzir. Participou do recém-lançado disco “Setenta Anos”, de Dori Caymmi. “Quando Dori está no Brasil, nos vemos diariamente e quando ele volta para Los Angeles, nos falamos semanalmente pelo telefone”, conta o artista ao ilustrar a proximidade mantida com seu amigo e colega de trabalho.

Embora tenha uma trajetória rica o suficiente para preencher várias horas de bate-papo com o público, a ideia do projeto vai além de falar sobre acontecimentos históricos. A intenção é de compartilhar opiniões sobre o fazer artístico e explorar as facetas do ofício. Uma delas, por exemplo, é o processo criativo, tema que recorrentemente é foco da curiosidade quando o assunto são escritores.

Sobre isso, Pinheiro não esconde que, desde o episódio em sua adolescência, a inspiração nunca mais o deixou. “Ela, na verdade, se bifurcou em muitos ramos. Comecei a escrever livros, a fazer letras de música, depois contos, peças teatrais”, afirma.

Dentro dessa variação, a diferença entre escrever uma música e um livro, por exemplo, é sutil. “Quando sento para escrever sou tomado por alguma coisa e, de alguma forma, sei que aquilo não é mais música”, conta Pinheiro.

Engana-se, porém, quem acha que todos os livros e mais de 2.000 composições vieram apenas de estímulos involuntários de sua mente. “Eu tenho um ritual para escrever, porque é preciso ter disciplina. Todos os dias eu acordo, tomo café da manhã, sento diante de minha mesa e fico ali esperando algo acontecer. Sempre acontece”, descreve o artista.

No encontro desta quarta, que apesar de gratuito é limitado para as primeiras 120 pessoas que chegarem no local, Paulo César será mediado (e instigado) por seu companheiro de longa data, o mineiro Sérgio Santos. “É o parceiro com quem mais produzi na vida. São mais de 200 canções”, diz. Na ocasião, ele também faz o lançamento de seu último romance, “Matinta, o Bruxo”.


Pluralidade
Apesar de ser conhecido por suas composições, Paulo César Pinheiro tem livros e discos publicados. Veja algumas das obras:

Livros
– “Claves de Sal”
– “Paulo César Pinheiro: Histórias de Canções”
– “Viola Morena”
– “Pontal do Pilar”
– “Matinta, o Bruxo”

Álbuns
– “Capoeira de Besouro”
– “O Lamento do Samba”
– “Tudo o Que Mais Nos Uniu”
– “Afos e Afroxés da Bahia”
– “Poemas Escolhidos”
– “O Importante é Que a Nossa Emoção Sobreviva nº 2”
– “O Importante é Que a Nossa Emoção Sobreviva”



Agenda

O quê.
Retratos de Artista: Molduras do Pensamento com Paulo César Pinheiro

Quando. Nesta quarta, às 19h30

Onde. Café 104 (praça Ruy Barbosa, 104)

Quanto. Entrada gratuita e limitada a 120 pessoas.

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