Recital

Alexandre Braga lança o seu primeiro álbum como músico solista

O músico une no repertório peças de autores pouco executados, como Bernardino Belém de Souza, Carlos Tobias e Clemente Ferreira

Por Raphael Vidigal
Publicado em 20 de novembro de 2017 | 03:00
 
 
 
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“Há mais coisas entre o céu e a terra do que supõe a nossa vã filosofia”, como há mais coisas entre Mozart e compositores paraenses do que poderiam supor, até o momento, muitos acostumados ao universo erudito. Se a primeira afirmação pertence ao clássico dramaturgo William Shakespeare (1564-1616), a segunda é culpa de um instrumentista mineiro que não dispensa a classe na hora de misturar os diversos ritmos.

“A música erudita traz um leque variado e dentro dele se encontra esse repertório ligeiro, com uma beleza simples, que permite o diálogo com as danças de salão brasileiras, dentro do caráter estilizado do erudito. Para além dos rótulos, o que existe é música boa ou ruim, é essa concepção que me guia”, explica Alexandre Braga, 40.

O músico lança nesta quarta-feira (22) o seu primeiro trabalho solo, que une no repertório peças de autores pouco executados, como Bernardino Belém de Souza, Carlos Tobias e Clemente Ferreira, todos naturais do Pará, a três árias da emblemática ópera “A Flauta Mágica”, de Mozart (1756-1791). “Durante o Ciclo da Borracha (1879 a 1912) o Pará foi um polo cultural do Brasil, e essa produção de valsas, tangos e choros ficou um pouco esquecida”, justifica o entrevistado.

A obra que Mozart finalizou no ano de sua precoce morte, quando contava apenas 35 anos, também não entrou na lista por mero acaso, mas sim para privilegiar aquele que os músicos tem por costume considerar a extensão do corpo. “Selecionei peças para flauta solo, com piano e violino. Além de uma sonoridade barroca que fica muito bem para a flauta, essa composição tem um simbolismo importante para o meu instrumento”, sublinha Braga.

“O repertório remete ao fim do século XIX e começo do século XX, e ao reflexo que essas canções europeias feitas para o entretenimento, como a polca e a mazurca, tiveram no Brasil, ao se encontrarem com os ritmos nativos e africanos. É como se eles conversassem com a música de Chiquinha Gonzaga e Ernesto Nazareth”, afirma.

Origem. Natural de Varginha, Braga integrou diversas orquestras (Sinfônica da UFMG, Experimental da UFOP, Sesiminas, entre outras) antes de se aventurar em disco assinado apenas por ele. Nesse caso, o novo é, na verdade, uma volta às primeiras lembranças. “Esse disco é uma revisita a um período afetivo, dos meus primeiros estudos musicais, na minha cidade natal, com a professora Elvira Gomes”, revela. Conterrânea do músico, Elvira participa como pianista do álbum. A outra presença especial é da violinista Martha Pacífico, esposa de Braga. “É um CD muito importante para mim, cheio de afeto”, afiança.


Agenda

O quê. Lançamento do CD “Recital”, de Alexandre Braga

Quando. Quarta (22), às 20h30

Onde. Idea (rua Bernardo Guimarães, 1.200, Funcionários)

Quanto. R$ 25 (inteira)

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