Música

Arthur Nogueira apresenta nesta sexta (20) show do álbum “Rei Ninguém”

Redação O Tempo

Por Daniel Oliveira
Publicado em 20 de outubro de 2017 | 03:00
 
 
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Depois de dois discos eletrônicos, “Sem Medo nem Esperança” e “Presente”, o cantor paraense Arthur Nogueira, 29, sentiu que era o momento de voltar à canção e ao violão, “ao que de mais íntimo me instiga a compor e cantar”. E, no caso dele, esse “algo íntimo” tem um nome bem claro. “Costumo dizer que só faço música por causa da poesia. Desde que comecei a compor e a cantar, durante a adolescência, foram os poetas letristas, como Waly Salomão e Antonio Cicero, que me fizeram compreender a potência da canção popular no Brasil”, revela.

Esse mergulho na poesia resultou em “Rei Ninguém”, seu terceiro disco, que ele apresenta nesta sexta-feira (20) n’A Autêntica, a partir das 22h. No álbum, Nogueira musica versos de Bob Dylan, Waly Salomão, Eucanaã Ferraz, Rose Aüslander e de seu parceiro mais constante, Antonio Cicero.

“Cicero e eu somos amigos desde 2005, quando o abordei em um evento literário, e minha curiosidade motivou vários questionamentos sobre poesia e música”, conta o paraense.

Desde então, os dois já assinaram seis composições juntos, de diversas maneiras. A mais comum, segundo o cantor, é o poeta lhe ligar com um novo poema, e ele já vislumbrar uma interpretação musical. “‘Consegui’ e ‘A Hora Certa’, nossas duas parcerias neste disco, rolaram dessa maneira”, revela o músico.

Foi Cicero que lhe apresentou Rose Aüslander, poeta judia alemã sobrevivente do Holocausto e pouquíssimo conhecida no Brasil. No ano passado, quando Nogueira estava trabalhando no novo disco, seu amigo, o também poeta Erick Monteiro Moraes, estava traduzindo vários poemas da autora e lhe mostrou alguns. O compositor acabou musicando dois deles. “‘Ninguém’, de onde extraí o título ‘Rei Ninguém’, foi o mais preciso para esse trabalho. A autoridade de negar as formas e as ordens é o que faz do ‘Rei Ninguém’ o personagem ideal para a representação da crítica, do possível, da mudança”, filosofa.

O cantor admite, porém, que sua canção favorita no álbum veio da adaptação de outro poeta: Eucanaã Ferraz, em “Papel, Tesoura e Cola”. “É uma poesia que me emociona desde que a li pela primeira vez, no livro ‘Sentimental’, e gosto muito do arranjo criado em parceria com a banda”, confessa.

Mas nem só da nata da poesia vive “Rei Ninguém”. Outro grande destaque do disco é a participação de Fafá de Belém em “Consegui”. Para o paraense, que já foi gravado por Gal Costa, Cida Moreira e Ana Carolina, fazer um dueto com a cantora representou um reencontro com a cidade onde nasceu e tudo o que o formou como pessoa e artista. “Admiro a grande cantora que ela é, seu carisma, sua coragem que abriu as portas para todos que vêm de lá, como eu. Fafá traz para o meu trabalho o calor de Belém e a intensidade que Cicero e eu imaginamos na faixa”, reverencia.

Outra participação especial no álbum é a do mineiro Luiz Gabriel Lopes, que coassina a faixa “Lume” com Nogueira. O músico do Graveola, inclusive, vai participar do show desta sexta à noite – marcando a primeira vez que os dois artistas se encontrarão no palco. No repertório, o paraense promete ainda sucessos dos discos anteriores, como “Sem Medo nem Esperança” (gravada por Gal Costa) e uma releitura da versão que Augusto de Campos fez para “Sophisticated Lady”, de Duke Ellington.

O grosso da apresentação, contudo, é “Rei Ninguém”, que terá todas as faixas executadas. Para o cantor, em sua mistura de poesia, retorno às origens e redescoberta de suas raízes paraenses e musicais, o disco é sobre a transitoriedade das coisas e a tranquila consciência de que os fins são condição para os recomeços. “De repente, perdem-se os azuis, o céu e o mar tornam-se ruínas, até que se abram em um novo sonho. E o que fica? A bagagem para a vida presente, as memórias, as canções, o amor ‘aprisionado em coisas gratas’. Melhor que a ideia de imortalidade é a compreensão de que especiais mesmo são as coisas que se realizam plenamente na hora certa”, define o poeta paraense.

Programe-se

O quê. Arthur Nogueira lança “Rei Ninguém”

Quando. Sexta (20), às 22h

Onde. A Autêntica – rua Alagoas, 1.172, Savassi

Quanto. R$ 20 (inteira)

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