Oscar Murilo

Artista diz que se fosse crítico seria cético também 

Redação O Tempo

Por Carol Vogel The New York Times
Publicado em 29 de março de 2014 | 03:00
 
 
 
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LONDRES, INGLATERRA. Apesar de todos os elogios que rodeiam o jovem artista Oscar Murilo, algumas pessoas criticam o seu trabalho, argumentando que ele apenas segue as modas e tem um trabalho muito parecido com o de artistas como Julian Schnabel e, naturalmente, Basquiat. 

Depois de “Oscar Murillo: Distribution Center”, sua primeira exposição em Los Angeles, que abriu em janeiro na sala Mistake, David Pagel, escrevendo no “The Los Angeles Times”, chamou algumas das obras presentes na instalação de “anêmicas”, dizendo que “qualquer uma das peças grandes era menos convincente do que um único centímetro quadrado de qualquer coisa em que Jean-Michel Basquiat já tinha tocado”. Ele acrescentou que a exposição “define nossos tempos, uma espécie de idade de ouro movida a esteroides em que o passado é reembalado como farsa”.

Quanto a seus críticos, “se eu estivesse do outro lado, também seria cético”, disse Murillo.

“Cheguei aqui simplesmente com meu trabalho”, frisou ele. “O mercado é assim, e isso não tem nada a ver comigo. Eu só estou tentando fazer com que as coisas se mantenham normais. Eu tive que sobreviver por tanto tempo de maneira econômica que continuo a agir da mesma maneira”.

O espaço principal da sua primeira exposição individual em Londres, que aconteceu no ano passado na South London Gallery, sem fins lucrativos, foi transformado por Murillo em um ateliê com telas expostas ao lado de desenhos e esculturas. No andar superior havia um vídeo feito por ele em La Paila em uma única tomada enquanto andava de bicicleta, contou. Ele segue Ramon, um morador da cidade, vagando pelas ruas tentando vender bilhetes de loteria. Os visitantes também puderam comprar bilhetes de loteria; eram bilhetes magnificamente serigrafados, assinados com o nome do comprador, escrito por um calígrafo, ao preço de 2.500 libras (cerca de US$ 4.150), sendo que o lucro era revertido para a galeria, disse Murillo.

Quando se mudou com a família para Londres, Murillo não falava inglês e descreveu a sua adaptação como “um deslocamento cultural surpreendente”.

Talvez por ter passado a infância assimilando uma cultura estrangeira, Murillo desenvolveu um grande interesse pela educação artística. Ele está colaborando com escolas de todo o mundo em um projeto que consiste em cobrir as carteiras dos alunos com telas e pedir às crianças que desenhem sobre elas, de modo que suas criações, por fim, se tornem parte de um trabalho maior. “As crianças têm liberdade de fazer o que querem”, disse ele. “Meu objetivo é criar um diálogo inter-cultural”.

Para sua próxima exposição na galeria David Zwirner – uma reflexão sobre a imigração intitulada “Oscar Murillo: A Mercantile Novel” –, ele espera importar 13 funcionários da fábrica da Colombina, uma empresa de doces em que quatro gerações da sua família, incluindo sua mãe, trabalharam. A ideia é alojar os visitantes em duas casas alugadas no Queens, de modo que eles possam ir de metrô até a galeria para fazer chocolates no mesmo tipo de máquina de linha de montagem utilizada na Colombina. (Zwirner concordou em comprar a engenhoca de aço inoxidável brilhante de um fabricante alemão.) No entanto, os trabalhadores precisam de vistos. Seu Plano B: “congelar tudo e compor um momento apocalíptico”, apresentando a máquina de chocolate como escultura.

Ao responder se está com medo de que, como a de tantos outros artistas que o precederam, sua estrela caia tão rápido quanto subiu, ele disse: “Estou apenas trabalhando e tentando abstrair o resto”.

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