Artes visuais

Bienal anuncia os artistas que terão projetos individuais

Entre os selecionados, está a mineira de Viçosa Tamar Guimarães


Publicado em 21 de março de 2018 | 03:00
 
 
 
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SÃO PAULO. A 33ª edição da Bienal de São Paulo anunciou, na terça-feira (20), os 12 artistas convocados para esta que é uma das mostras de arte mais importantes do mundo. O evento vai do dia 7/9 até 9/12. Sob curadoria de Gabriel Pérez-Barreiro, a exposição não terá tema definido e leva o título de “Afinidades Afetivas” – deriva de Johann Wolfgang von Goethe (1749-1832) e Mário Pedrosa (1900-1981).

O escritor alemão escreveu uma obra com este nome na qual um casal recebe dois visitantes que despertam atração sexual e amor proibido. Já o escritor e jornalista brasileiro tratou da “natureza afetiva da forma na obra de arte”.

Dos 12 artistas, três ganharão homenagens póstumas, um expõe trabalho já apresentado e oito vão produzir obras para a Bienal. Todos nasceram entre 1960 e 1980, sendo nove brasileiros. Entre eles, Tamar Guimarães, mineira de Viçosa que reside em Copenhague. O restante vem da Argentina, da Guatemala e do Paraguai. Os homenageados serão a brasileira radicada em Londres Lúcia Nogueira (1950-1998), o paraguaio Feliciano Centurión (1962 -1996) e o guatemalteco Aníbal López (1964- 2014).

Os três latino-americanos começaram a ser expostos nos anos 90, mas não foram tão divulgados à época. Apesar de Lúcia Nogueira ter desempenhado um importante papel na arte britânica, ela só teve uma primeira individual em 2011.

Para o curador, o trio teve outros dois obstáculos para alcançar o público. Vem de uma região com pouca estrutura para exposição e despontou nos anos 90, uma geração “não muito explorada, cujos artistas correm o risco de caírem no esquecimento”. “Eles representam a liberdade de expressão, por serem a primeira geração pós-ditadura que era livre para produzir sem a opressão dos regimes totalitários”, diz.

Entre os temas que eles destacam estão a sexualidade, a política e o expoente feminino. Feliciano dialoga com o universo queer em suas obras. Segundo Pérez-Barreiro, o artista aborda questões “muito importantes que voltaram a ser pauta nos últimos meses”. O curador nega ter escolhido o artista como forma de reflexão sobre a mostra “Queermuseu” em Porto Alegre, cancelada em 2017 após protestos. “Os artistas já estavam escolhidos antes dessas polêmicas”.

Abordagens. Outro artista que traz um tema definido é o goiano Siron Franco, que terá obras da série “Césio/Rua 57” que dialogam sobre o acidente radioativo de 1987, em Goiânia, com o elemento Césio 137. O curador acredita que debates sobre catástrofes ambientais, como a da barragem de Mariana, Minas Gerais, em 2015, são necessários e permanecem atuais.

Os outros oito artistas escolhidos têm em comum o fato de não se encaixarem em uma estrutura temática, conforme o objetivo da mostra. Entre eles está o Alejandro Corujeira, que terá esculturas e pinturas que “captam o movimento da natureza, e a artista Denise Milan cria esculturas com grandes pedras e cristais”.

O cotidiano circunda os trabalhos de Maria Laet que exibirá um vídeo e Vânia Mignone a partir de pinturas. Nelson Felix conceberá uma instalação que traz reflexões planetárias. Bruno Moreschi e Luiza Crosman fugirão das tradicionais obras de arte e não terão trabalhos físicos expostos, mas projetos, por exemplo, a partir de redes sociais. Já a mineira Tamar Guimarães unirá uma abordagem crítica sobre preocupações poéticas e narrativas por meio de um vídeo.

O anúncio realizado nesta terça engloba apenas os artistas selecionados pelo curador-geral Pérez-Barreiro.

Outra novidade desta edição é a presença de sete artistas-curadores, entre eles Waltercio Caldas e Sofia Borges, responsáveis pela nomeação de outras pessoas. Essa seleção será divulgada em abril.

 

Mineira é destaque no audiovisual

Tamar Guimarães já participou de outras edições da Bienal de São Paulo. Em 2014, apresentou uma instalação, calcada em projeção em 16 mm, da obra “A Família do Capitão Gervásio”, que havia sido exibida na 55ª Bienal de Veneza. O trabalho centrava-se nos registros feitos em uma comunidade espírita do interior de Goiás.

Em 2010, ela também expôs na Bienal o vídeo “Canoas”, em que mostrava uma festa com diversos intelectuais realizada na Casa das Canoas, projetada por Oscar Niemeyer (1907-2012), entre 1950 e 1954, para ser habitada por ele. Diálogos críticos ao movimento moderno emergiam na fala dos convidados. As criações da artista, baseiam-se, assim, na abordagem de temas históricos, principalmente por meio do audiovisual.

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