Zizi Possi

“Canto canções que marcaram a minha vida” 

Redação O Tempo

Por LUCAS SIMÕES
Publicado em 04 de junho de 2016 | 03:00
 
 
 
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Em entrevista ao Magazine, Zizi Possi conta sobre mais um projeto para levar aos palcos neste ano. Além de dois shows mantidos ao mesmo tempo, “Piano e Voz”, com a carreira repaginada em formato acústico, e “Na Sala”, no qual Zizi entoa apenas canções que marcam sua memória afetiva, a cantora vai estrear um espetáculo mais teatral, dirigido pelo irmão, José Possi Neto, e baseado em seu período de depressão.

Como o show “Piano e Voz” alimenta sua carreira hoje? Ele te instiga a coisas novas, mesmo sendo baseado em rever boa parte de sua trajetória?

Eu olho a minha carreira quando estou no palco, quando passo as músicas, claro. Mas o mais importante é que esse show me dá a liberdade de firmar minhas próprias percepções e amadurecê-las ainda hoje. O (pianista) Jether vai escrevendo tudo bonitinho, vamos incluindo canções. Eu vou pedindo um acorde aqui, outro ali. E aí a gente vai ver como é que fica. Ás vezes, uma coisa que soa muito bem num instrumento acaba não soando no outro. É isso o que eu percebo com o tempo de carreira. Bossa nova, por exemplo, eu gosto no violão, no piano eu não sou muito fã. Porque as possibilidades rítmicas do piano te oferecem universos diferentes da bossa nova. Isso é uma coisa minha, pessoal. Mas é claro que eu não sou a dona da verdade. Eu gosto sempre de testar o que canto. Recentemente, com o show “Na Sala”, tenho cantado coisas como Bee Gees, Vicente Celestino, Rita Pavone. Não há estilo, gênero, filtros. Canto canções que marcaram a minha vida, minha infância e adolescência.

Você prepara um espetáculo dirigido por seu irmão, José Possi Neto, que aborda de alguma forma um período difícil para você, certo?

É um espetáculo que tem a ver com música eletroacústica, projeção, ensaios com atrizes e direção. É uma coisa grande. Tudo partiu de um momento meu, uma depressão muito profunda, e o que me salvou foi escrever. E aí, um belo dia, meu irmão, José Possi Neto, perguntou o que eu estava fazendo. Eu estava lendo Nietzsche sem parar. Comecei a escrever, esbarrei com Nietzsche. Musicalmente tenho tudo na cabeça. E pretendo levar para 15 cidades, levar ao menos até as capitais.

Quais influências você teve das mornas de Cabo Verde para gravar o EP “O Mar Me Leva”?

O processo do EP não foi tão profundo a ponto de eu absorver as mornas, esse gênero tão bonito. Eu me apaixonei por uma música, “Olhos Fechados”, que a cantora Mayra Andrade canta. O Zeca Baleiro falou que tinha uma amiga que falava o “crioulo do povo” (língua difundida junto ao português oficial) para traduzir. Aí o Zeca não só me mandou a tradução, como uma versão feita por ele – e logo depois sugeriu que eu gravasse essa junto de outras três à minha escolha. Eu fiquei chocada porque as mornas são muito tristes, muito, e eu não queria cantar nada nostálgico. Por isso, fiz versões fortes, firmes, mas não de saudade. E foi maravilhoso.

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