Lô Borges

Compositor lança songbook e prepara disco para 2015 

Redação O Tempo

Por LUCAS SIMÕES
Publicado em 04 de abril de 2014 | 03:00
 
 
 
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Além da coletânea com um resumo dos dez últimos anos de sua carreira, finalmente Lô Borges revela alguns dos seus segredos harmônicos no seu recém-lançado songbook. Aguardado há vários anos pela comunidade artística, as 224 páginas do livro são resultado de um minucioso trabalho de revisão das músicas do compositor, reunindo 55 canções com letras, partituras e cifras, desde a década de 70 até hoje. “Em cada disco fui selecionando as músicas, as mais conhecidas e minhas preferidas também. Quis mostrar de forma transparente a forma com que eu pensava para compor e como isso foi mudando também”, revela o compositor.

Longe de parecer um capricho ou uma comemoração de carreira, o “Songbook Lô Borges” (Neutra Editora) revela um apanhado de harmonias e arranjos complexos para assimilar na teoria, mas fáceis quando caem prontos numa canção. Por isso, músicas elaboradas como “Tudo que Você Podia Ser” e “Não Se Apague Esta Noite”, que são dissecadas no livro, mereciam mesmo fazer parte de uma publicação que tenta elucidar ao menos um pouco o cérebro musical de Lô Borges, influenciado desde a bossa nova de Tom Jobim até a psicodelia dos Beatles.

Tanto que o parceiro de Lô Borges nos trabalhos dos últimos 10 anos, o organizador do Songbook e produtor Barral Lima, descreve o músico como o alquimista da harmonia. “É improvável que se possa imaginar, a partir de troncos tão distintos quanto o fenômeno da Bossa Nova e a difusão inflamável do rock-pop-britânico, uma síntese tão sutil e ao mesmo tempo natural quanto a obra de Lô Borges”, atesta o produtor.

Isso porque Lô Borges não foi só a cabeça harmônica do Clube da Esquina. Foi e é a sensibilidade que levou o parceiro Milton Nascimento e nomes como Caetano Veloso, Elba Ramalho e a pimentinha Elis Regina a gravar suas canções como luvas certeiras.

A partir da virada do milênio, porém, o músico se enveredou pela sonoridade pop experimental, quando chegou a ser tachado de cool em excesso pelos discos mais recentes, principalmente “Um Dia e Meio” (2003), em que o tecladista do Skank, Henrique Portugal, confere peso eletrônico que beira ao cansativo em metade das 12 faixas. Mas Lô Borges não se incomoda com as mudanças sonoras drásticas aos ouvidos de críticos. Talvez ele saiba que as mudanças acontecem de forma natural e os possíveis erros são parte de quem se dedica há mais de 40 anos a fazer música.

Prova disso é que ele programa lançar um disco inteiro de inéditas em 2015. O compositor não revela se tem alguma música escrita ou pronta, mas adianta que deve usar menos acordes nas canções para criar um trabalho mais simples. O disco ainda sem nome ou ideia certa de sonoridade deve chegar às lojas até o fim do ano que vem, segundo as previsões do artista.

“Muita gente falou que eu era roqueiro e que agora eu só andava com roqueiro, mas isso não tem nada a ver. Eu posso fazer uma sonoridade parecida com os anos 70 de novo, ou algo mais pop ou regional em um novo trabalho. Realmente não sei. Mas vou fazer um trabalho novo em 2015, mais simples e com harmonias menos elaboradas. Só que agora é a hora de pegar a estrada e tocar. Simplesmente”.

Agenda

O QUÊ. Lançamento do Songbook Lô Borges (Neutra Editora)

QUANDO. Hoje, às 21h

ONDE. Teatro Bradesco (rua da Bahia, 224, centro)

QUANTO. R$ 45 (Songbook), R$ 20 Coletânea Lô Borges (2003-2013) e R$ 50 (Songbook e Coletânea)

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