Imagem

'E fez-se a luz'

Projetos físicos e virtuais, como a websérie “No Olhar, valorizam e tornam acessível a produção fotográfica

Por Lorena K. Martins
Publicado em 16 de abril de 2018 | 03:00
 
 
 
normal

Recentemente, o fotógrafo Francisco Proner Ramos, 18, ganhou visibilidade notória na mídia. O motivo é justificável. Ele é o autor da imagem do dia da prisão do ex-presidente Lula que ganhou espaço na edição impressa do jornal “The New York Times” e, claro, viralizou nas redes sociais. Por lá, ela foi compartilhada com os devidos créditos que direcionaram, com um simples toque na tela, para seu perfil pessoal no Instagram.

Outros tantos profissionais por trás de muitas fotografias emblemáticas, clicadas em tempos mais singelos – tecnologicamente falando –, talvez não tenham ganhado tanta repercussão imediata como os da atualidade. É para revelar as influências e as histórias por trás dessas imagens que projetos como a websérie “No Olhar” surgem para valorizar, de forma mais apurada, a linguagem da fotografia. Ela exibe semanalmente episódios com depoimentos dos principais fotógrafos do Brasil e, assim, vai se transformando em um dos principais acervos da memória da fotografia nacional. Detalhe: online e sem custo, pelo YouTube.

“A ideia surgiu quando observamos uma carência de conteúdo audiovisual que falasse mais sobre a fotografia como linguagem. Encontramos muitos vídeos que falam sobre técnica, e nossa proposta é justamente o contrário: abordar conteúdos como conceito, trajetórias bem-sucedidas e olhares inspiradores”, descreve Tiago Ferraz, diretor do projeto. 

Ele ainda deixa claro que disponibilizar o acervo online convida quem assiste a ter uma leitura mais apurada sobre a fotografia profissional. “Acredito que as plataformas vieram para somar com a fotografia, a possibilidade de novos bons talentos surgirem aumentou, assim como a disputa”, destaca. O primeiro episódio foi ao ar em dezembro de 2014, com a entrevista de Sebastião Salgado. Esta segunda temporada tem 24 episódios e termina no mês que vem. O vídeo que vai ao ar hoje, pelo canal youtube.com/noolhartv, será o da entrevista com o fotógrafo Pedro Vasquez, que também foi um dos criadores da Funarte.

Novos formatos. Projetos como a websérie são exemplos de ferramentas de valorização da fotografia profissional – neste caso, também o que há por trás dela. Mesmo com olhares sobre a prática da fotografia diante das novas tecnologias, outras iniciativas, como o Festival de Fotografia de Tiradentes, criado em 2011 como um desmembramento do projeto Foto em Pauta, mostram a diversidade na hora de fotografar. “O que fazemos é incentivar essa produção fotográfica como um todo, mostrando novos e jovens autores e facilitando a circulação deles em vários meios. Mas acho positivo a fotografia de celular, que está no bolso de todo mundo. Não vejo como uma banalização”, acredita o organizador Eugênio Sávio. Ele ainda planeja, para as próximas edições, projetos que envolvam, inclusive, a plataforma do Instagram. 

Bruno Vilela, coidelizador e diretor do Festival Internacional de Fotografia de Belo Horizonte (FIF), que acontece a cada dois anos – o próximo ocorrerá em 2019 –, também acredita que o pensamento fotográfico vai além da técnica. “A fotografia tem que contar uma história. Isso é muito legal, porque é uma forma de pensar e construir narrativas e pensamentos. O que temos que fazer é pensar sobre a imagem que estamos produzindo e circulando”, destaca ele, que prepara, ao lado do também diretor Guilherme Cunha, o lançamento do livro de imagens dos participantes de mais de 18 países das edições passadas do FIF.

Notícias exclusivas e ilimitadas

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo profissional e de qualidade.

Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar. Fique bem informado!