Show

Encontro de gerações musicais 

Artistas consagrados como Juarez Moreira e Cléber Alves tocam ao lado dos alunos no Jovem Instrumentista BDMG

Por lucas buzatti
Publicado em 01 de dezembro de 2015 | 04:00
 
 
 
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Imagine poder aprender a tocar seu instrumento do coração com um músico que lhe inspire? Essa é uma das oportunidades geradas pelo Jovem Instrumentista BDMG – que promove o aprendizado de iniciantes por meio de aulas com nomes consagrados da cena mineira. O show de encerramento da 14ª edição do projeto acontece amanhã, no Auditório do BDMG.

Ao lado dos alunos selecionados, participam os músicos e professores Santiago Réyther, Juarez Moreira, André ‘Limão’ Queiroz, Adriano Campagnani, Cliff Korman, Aloízio Horta, Cléber Alves, Lincoln Cheib e Celso Moreira. Além de números solo, o espetáculo contará com uma apresentação coletiva em homenagem a Fernando Brant. Na ocasião, será executado um pout-pourri de músicas escritas pelo compositor mineiro, cujo arranjo é assinado por Juarez Moreira.

“Até a criação do arranjo é uma forma de ensinar ao aluno. Como o tempo é curto, tem que ser um arranjo pragmático, que não onere esse tempo, mas que dê a oportunidade para cada um mostrar um pouco do que aprendeu”, explica Juarez Moreira, que participa do Jovem Instrumentista BDMG há dez anos. O violonista e compositor mineiro conta que o pout-pourri vai mesclar quatro grandes clássicos de Fernando Brant: “Ponta de Areia”, “Durango Kid”, “Travessia” e “Para Lennon e McCartney”.

Moreira comenta que, a cada edição, o projeto apresenta novos talentos. “Cada ano é uma surpresa. É um programa que já existe há uma década e que tem muito valor. Tanto que a maioria dos músicos que passaram por ele tem carreira profissional consistente”, defende. “É como um termômetro das novas gerações. E a meninada nova é muito talentosa. Eles conhecem várias linguagens e têm bem mais autonomia que na nossa época”, completa.

Juarez Moreira afirma que, entre outros motivos, não entrou na faculdade de música por seus pais não concordarem com a carreira artística. “Fiz seis anos de engenharia e abandonei para trabalhar com música. Essa experiência me fez achar o estudo acadêmico muito maçante, então resolvi não voltar”, relembra. “E meus pais não queriam que eu fosse músico. Nos anos 70, quem fazia arte e cultura era alvo de preconceito. Todo mundo se espantava: ‘Nossa, você largou engenharia para mexer com música!’. Hoje, os pais não reprimem mais os filhos por serem músicos”, afirma.

O violonista defende, no entanto, que o melhor é somar os diferentes tipos de conhecimento. “Hoje, eu penso que todo jovem músico tem mesmo que estudar. Se você tem o conhecimento de rua, de tocar em bares, some esse aprendizado empírico ao formal”, defende. “Antigamente, existia uma carência de ensino. Havia uma carga autoritária que vinha da ditadura e se refletia nas escolas. Era tudo muito engessado. Hoje, isso já melhorou muito”, assinala.

Mas foi justamente o fato de Juarez Moreira ter adquirido seu expertise por meio da prática que cativou o aluno João Lucas Moreira, 24, um dos selecionados pelo Jovem Instrumentista BDMG. “O Juarez veio de uma época em que o povo aprendia a fazer música na raça. Então, além do conhecimento técnico, ele tem muita experiência, tem muito para contar”, diz o jovem músico. “Isso dá uma esticada na coisa, que não fica só no tocar. Ele sempre tem um caso para contar, de algo que viveu, sobre o que está ensinando”, afirma.

João Lucas conta, ainda, que teve 80 horas de aulas com Juarez Moreira, entre julho e novembro deste ano. “Lembro de ver, de longe, o Juarez tocando em shows, quando eu era mais novo e comecei a me interessar por música instrumental. Aí, de repente, estou indo para a casa do cara aprender e conversar com ele. É incrível”, pontua. No show de amanhã, João Lucas tocará com Juarez Moreira a canção “Viola Violar”, de Milton Nascimento e Márcio Borges.

Agenda

O quê. Show de encerramento do Jovem Instrumentista BDMG

QUANDO. Amanhã, às 19h

Onde. Auditório do BDMG (rua Bernardo Guimarães, 1.600, Lourde)

QUANTO. Entrada franca *

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