O documentário "Alguém Tem Que Ouvir o Coração e Dizer: Parou”, de Bárbara Paz, foi selecionado para o 76.º Festival Internacional de Cinema de Veneza. O longa é produzido por Bárbara Paz, Myra Babenco e os irmãos Caio e Fabiano Gullane e participará da Mostra Competitiva Venice Classics, que agrega documentários sobre cinema ou sobre autores.
O documentário traça um paralelo entre a arte e a doença do cineasta Hector Babenco (1946-2016), revelando medos, mas também memórias, reflexões e fabulações, num confronto entre vigor intelectual e a fragilidade física que marcou sua vida.
A produção marca a estreia de Bárbara Paz, que foi mulher do cineasta, como produtora e diretora de um longa-metragem. “O filme é um poema visual, minha ode para Hector. É também minha despedida para ele. A partir dos meus olhos se revelam o homem interior e seu amor pelo cinema, amor este que o ajudou a manter-se vivo por tantos anos. Ele morreu bem como viveu, filmando até o fim”, comenta Bárbara.
“Eu já vivi minha morte, agora só falta fazer um filme sobre ela”, disse o cineasta Hector Babenco a Bárbara Paz, ao perceber que não lhe restava muito tempo de vida. Ela aceitou a missão e realizou o último desejo do companheiro: ser protagonista de sua própria morte.
Do primeiro câncer que o acometeu, aos 38 anos, até a morte, aos 70, Babenco fez do cinema remédio e alimento para continuar vivendo.