Dramaturgia

Giramundo estreia em novela

Grupo de teatro de bonecos de Belo Horizonte presta consultorias em “Pega Pega, trama das 19h da Rede Globo

Por Aline Gonçalves
Publicado em 22 de junho de 2017 | 03:00
 
 
 
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Do alto dos seus mais de 40 anos de existência, o grupo de teatro de bonecos Giramundo continua experimentando aquela sensação boa de fazer algo novo. Agora, estreia em telenovelas com a participação em “Pega Pega”, trama das 19h na TV Globo – já havia estado, anteriormente, em produções de outro tipo na emissora, como no seriado “Hoje é Dia de Maria” (2005) e em quadros do programa “Fantástico”.

Desta vez, integrantes da companhia têm prestado consultorias e participado de cenas que envolvem os membros da família Borges, que formam, na ficção, a Companhia Serrote de Teatro de Bonecos.

“Estamos desde janeiro envolvidos na produção. Hoje (essa quarta-feira, 21) mesmo estou no Rio para ensaios”, conta a diretora artística do Giramundo, Beatriz Apocalypse, filha do fundador, Álvaro Apocalypse.

Ao todo, foram construídos pouco mais de 20 bonecos para a dramaturgia, além de cenários e outros objetos. A equipe do Giramundo ficou a cargo, ainda, de treinar os atores mais envolvidos na manipulação, como Danton Mello (Borges), Dani Barros (Tereza), Leandra Caetano (Drica) e Jaffar Bambirra (Márcio). “Também oriento qual o tipo de boneco adequado para cada cena. Os atores, no geral, não têm precisado de dublês, pois estão se saindo muito bem. Como sabíamos que os bonecos iam ser manipulados por pessoas sem tanto conhecimento, fizemos peças básicas, com menos articulações”, explica Beatriz. Após a novela, os bonecos terão uma espécie de guarda-compartilhada: ficam com o Giramundo, mas podem ser utilizados em produções da emissora quando ela solicitar.

A intensa preparação em ensaios tem como resultado cenas verossímeis. Quando necessário, Beatriz também atua com alguns bonecos. Contribui, ainda, o conhecimento da autora da trama, Cláudia Souto, que já trabalhou em grupos de teatro de bonecos. “Ela inclusive conheceu meu pai em festivais, então está retratando tudo bem, as dificuldades, os desafios”, diz Beatriz. Para conseguir sobreviver dessa arte, a família dona da companhia vai passar por problemas que fazem Beatriz refletir. “A trama vai mostrar a luta dos Borges para conseguir aprovação em uma lei de incentivo, por exemplo. E é exatamente assim. Às vezes queríamos construir coisas boas e não conseguíamos”, diz a diretora do Giramundo.

Mais do que marcar simbolicamente um novo momento na história do grupo, Beatriz acredita que, ao trazer uma companhia de teatro de bonecos para a dramaturgia, a novela pode contribuir para o setor como um todo. “É uma possibilidade para as pessoas verem que o teatro de bonecos é uma coisa séria. Apesar de termos muitas companhias no Brasil, ainda existe um certo preconceito. Uma cena recente ilustrou isso muito bem. O Borges ia fazer uma apresentação, e o senhor que negocia como ele fala algo assim: ‘ah, então vamos ali assistir um teatrinho’, e ele fica indignado com a forma de tratamento”, relembra ela.

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