Jorge Ben Jor

Homenagem ao alquimista

Projeto Nivea Viva celebra cantor compositor carioca em turnê com o Skank e a cantora Céu como convidados


Publicado em 16 de março de 2017 | 03:00
 
 
 
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RIO DE JANEIRO. Depois de acumular bons públicos, mas dividir opiniões em suas duas últimas edições – quando celebrou a obra de Tim Maia (com Ivete Sangalo e Criolo, em 2015), e o rock brasileiro (com Paralamas do Sucesso, Paula Toller, Nando Reis e Marjorie Estiano, em 2016) –, o projeto Nivea Viva escolheu, em 2017, homenagear Jorge Ben Jor, num show que reúne Skank, a cantora Céu e o próprio “alquimista”. A prévia, apresentada na noite de terça-feira (14) para convidados, no Vivo Rio, acabou em uma festa com momentos que fazem jus ao cantor e compositor de 71 anos – mas que ainda pede alguns reparos.

O espetáculo “Nivea Viva Jorge Ben Jor” faz sua primeira apresentação aberta ao público em Porto Alegre, no dia 2 de abril. Depois, passa por Rio, na praia de Ipanema (9/4), Fortaleza (7/5), Recife (21/5), Brasília (11/6) e termina em São Paulo, no dia 25/6, sempre com entrada gratuita.

A longa festa de cerca de 2h30m demorou para engrenar. O público, acostumado ao suingue e simpatia das performances de Jorge Ben Jor e da banda do Zé Pretinho, foi se fazer ouvir apenas na oitava música, “Menina Mulher da Pele Preta”, do clássico álbum “A Tábua de Esmeralda” (1974), interpretada pelo Skank.

Até então, as releituras de outros clássicos, como “País Tropical”, “Que Pena”, “Oba, Lá vem Ela” e “Balança Pema”, chamavam mais atenção pela boas interpretações, principalmente de Samuel Rosa e companhia, que mostraram naturalidade ao dar sua cara às melodias do “padrinho” Jorge Ben, do que pela reação dos convidados. Céu, uma das melhores vozes da atual geração da MPB, pareceu mais solta do que em alguns de seus próprios shows (até sambou em “Que Pena”), mas não chegou a ter um momento de protagonismo ao longo da noite.

O show acumularia uma série de pequenos grandes atos. Em “Os Alquimistas estão Chegando”, por exemplo, Céu e Samuel dividiam o microfone enquanto o telão, com clipes ou projeções diferentes para cada música, exibia cenas do clássico “Viagem à Lua” (1902), de George Méliès – uma lembrança da ligação de Ben Jor com o cinema.

Em “O Telefone Tocou Novamente”, grande parte do público já havia deixado seus lugares e se aproximado do palco, a tempo de aproveitar a versão delicada de “Chove Chuva”, bem conduzida pelo teclado de Henrique Portugal.

Já no comando da festa, Ben Jor mostrou que ainda precisa se entrosar melhor com os convidados especiais. Acompanhado por sua banda, como em “Zazueira” ou no medley com “Que Maravilha”, “Magnólia” e “Ive Brussel”, promoveu o baile que se espera dele e levantou o público. Mas ao chamar Céu, o carioca se limitou a fazer figuração em “Por Causa de Você, Menina” e “Mas que Nada”. Depois, trocou de posto com a cantora e compositora paulistana, deixando evidente uma falta de química que pode ser reparada ao longo da turnê, entre apresentações e necessários ensaios.

O mesmo vale para as dobradinhas com o Skank. Na primeira, Ben Jor fugiu do roteiro e chamou “Cadê o Penalty”, enquanto o telão já apresentava o vídeo de “A Banda do Zé Pretinho”, canção seguinte do repertório. Mais tarde, nas também futebolísticas “Umbabarauma” e “Fio Maravilha”, não chegaram a se destacar tanto quanto poderiam no repertório – ainda mais levando em conta a qualidade das duas bandas.

O encerramento em clima apoteótico, com todos no palco interpretando “Taj Mahal” e, mais uma vez, “País Tropical”, provou que o baile tem tudo para agradar ao público em sua turnê, mas que falta um acabamento para ficar à altura de seu astro.

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