“Baby, Baby”

Lulu lança tributo a Rita Lee

Álbum que cantor e compositor se debruça sobre o repertório da roqueira será lançado na próxima sexta-feira


Publicado em 18 de outubro de 2017 | 03:00
 
 
 
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RIO DE JANEIRO. Em novembro do ano passado, Lulu Santos anunciava que 2017 seria sabático. Não contava, porém, com o impacto que “Rita Lee: uma Autobiografia”, lançado no mesmo mês, teria sobre ele. Nesta sexta-feira, menos de um ano depois de devorar o livro, o hitmaker chega com “Baby, Baby!”, álbum só com recriações de canções de cantora.

“Mas o que me fez fazer o disco não foi a minha relação com a Rita. Ao contrário, foi como as canções dela bateram em mim. Eu vi no livro o quanto aquilo era importante para mim independentemente de ter virado amigo dela”, relata Lulu. “Aquelas canções, que ela descreve (no livro) como foram feitas, cada uma delas era um pedaço da minha vida. Num país mergulhado em uma ditadura militar, aquilo era uma das pouquíssimas coisas com as quais eu podia me conectar”.

Na estreia de Lulu em LP (“Tempos Modernos”, de 1982), Rita Lee era uma presença que não dava para ignorar: ela assinava “Scarlet Moon” (música para a então mulher do cantor, que veio a falecer em 2013) e, junto com Gilberto Gil, uma versão safadinha de “Get Beck”, dos Beatles (“De Leve”). Dois anos antes, ele tocara o baixo na gravação de “Ôrra Meu”, um dos grandes sucessos de Rita, famoso por dizer que “roqueiro brasileiro sempre teve cara de bandido”. “Depois, ela passou a cantar ‘roqueiro brasileiro já não tem mais cara de bandido’”, lembra o cantor, para quem o papel de pioneira de Rita no cenário do pop é inquestionável. “O que é o mundo artístico de hoje? É women on top, de Anitta a Beyoncé. E até para quem não é exatamente mulher, mas deseja muito ser”.

Para Lulu, Rita foi além do “experimentalismo debochado e infantil” dos Mutantes, o cultuado grupo do qual fez parte nos anos 60 e 70. “Ela é mais determinada (que os Mutantes), soube compreender melhor seu papel. Mas acho os primeiros discos solo da Rita ainda soterrados de machismo, de músicos e de bateristas. Por isso que, quando chega o Roberto (de Carvalho, seu parceiro no amor e na música), vem uma delicadeza, um romantismo, um espírito feminino. Até então todos os modelos da Rita eram homens. Ela imitava os andróginos, o David Bowie e o Mick Jagger, os que imitavam mulheres”.

Produtores. Na feitura de “Baby, baby!”, o músico pôde atentar para todas as características biográficas que partilha com a ídola. “Cara, a gente é baby boomer! Teve um momento em que eu achei que o título do disco ia ser ‘A Era do Espaço’ por causa da quantidade de menções a discos voadores, ETs, foguetes, tudo que tinha na cabeça de quem cresceu na década de 60. Era uma humanidade que poderia evoluir”, conta. “Mas depois ela escreve ‘Paradise Brasil’ (do disco ‘Reza’, de 2012), feroz crítica ao fato de você passar meio século da sua vida imersa num ambiente que só lhe decepciona”.

Lulu diz que as canções do disco foram escolhidas “por memória afetiva”. A primeira foi ‘Disco Voador’, a primeira que Rita e Roberto fizeram juntos”, justifica.

Com a aprovação de Roberto de Carvalho (que apresentava a Rita as faixas de “Baby, Baby!” à medida em que eram gravadas), Lulu foi atrás de produtores para auxiliá-lo. E aí chegou a Silva (“Ovelha Negra”), ao velho parceiro Memê (“Paradise Brasil”) e Marcelinho da Lua (que o ajudou a transformar “Alô, Alô Marciano” num drum’n’bass).

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