Música

Mart’nália mistura parcerias e estilos em seu novo rebento

Na busca pelo pop perfeito para “+ Misturado, ela se lembrou de um de seus melhores amigos e fornecedores de canções: Moska


Publicado em 07 de janeiro de 2017 | 03:00
 
 
 
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Rio de Janeiro. Não teve exatamente um produtor musical o sétimo álbum de estúdio de Mart’nália, “+ Misturado”, cujo show de lançamento acontece neste sábado (7), no Circo Voador, no Rio. Os baixistas Arthur Maia, Ivan Machado e Dadi, mais o violonista Cláudio Jorge e o cantor Zé Ricardo, fizeram arranjos e a dirigiram no estúdio, separadamente, em diferentes faixas. No fim das contas, porém, foi a cantora quem decidiu o que entrava ou não.

“As canções foram chegando, e eu fui gravando. Nos meus discos, o produtor geralmente está ali para me podar num excesso de mart’nalice. Neste, a mart’nalice foi exacerbada”, avisa ela, que vinha do CD/DVD “Em Samba! Ao Vivo” (2014), no qual foi dirigida pelo pai, Martinho da Vila. “No final (da temporada do show do disco), eu já estava meio que cansada de ficar sambando, sambando, sambando, pulando, pulando, pulando... No ano passado, comecei a fazer outro show, o ‘Mart’nália Misturado’. Aí fui misturando mais e cheguei à conclusão que o disco tinha que ser isso, ‘+ Misturado’, conta.

Mas foi um samba – de Martinho, daqueles de que Mart’nália mais gosta – o escolhido para abrir o álbum: “Ninguém Conhece Ninguém”. “É um samba com uma letra ainda muito atual (‘Nunca se pode afirmar que alguém é assim ou assado’, diz um dos versos). Meu pai sempre foi misturado, sempre gravou tudo muito misturado. Ele fala que a gente não pode ficar esperando sempre a mesma coisa, que as pessoas mudam com o tempo”, explica.

A cantora esperava por uma canção inédita de Caetano Veloso (produtor do seu álbum de 2002, “Pé do Meu Samba”), mas ela não chegou a tempo. Assim, Mart’nália resolveu regravar, à sua maneira, “Tempo de Estio”, do baiano, que foi sucesso na versão discothèque do cantor Marcelo.

“De um tempo para cá, eu comecei a sonhar com essa música. Eu lembrava do Marcelo, daquela alegria da década de 1980. Ele chegou cabeludaço, meio andrógino, praiano, com uma liberdade que hoje em dia está ficando difícil de se ver”, suspira Mart’nália, que, por outro lado, optou por não pedir uma inédita de Gilberto Gil e releu “Estrela”. “Eu sempre acho que as músicas do Gil foram feitas para eu gravar!”, crava.

Sorriso. Djavan (que produziu o álbum de 2012 de Mart’nália, “Não Tente Compreender”) entrou com uma música bem conhecida, com cara de verão: “Linha do Equador”, parceria com Caetano. “O Dija me mandou umas antigas, que ninguém conhecia muito, mas me mandou umas mais para o samba. E eu não queria samba! Para esse disco, até quem não faz samba ficou me mandando samba!”, reclama ela, sem perder o sorriso. “Não estava a fim de falar dos meus orixás nem de escola de samba, estava a fim de falar é das minhas misturas outras”.

Na busca pelo pop perfeito para “+ Misturado”, Mart’nália se lembrou de um de seus melhores amigos e fornecedores de canções: Moska. “A gente nunca conseguia se encontrar, mas esbarrei com o filho dele, o Tonton (Tom Karabachian), um moleque que eu vi na barriga da mãe. Tava num churrasquinho com a garotada quando ele me mostrou essa música (‘Melhor pra Você’)”, relata. “Achei interessante buscar alguém novo. Eu pedi música para a minha sobrinhada, mas a maioria veio com samba. Ficaram com vergonha de mostrar pops”.

Já o lado compositora de Mart’nália está representado no novo disco na divertida “Tomara” (com Mombaça), em “Libertar” (de Arthur Maia e Ronaldo Barcellos, para a qual ela e Zélia Duncan fizeram letra) e em “Vem Cá, Vem Cá” (com Zé Katimba e André da Mata).

“Acho chato compor, porque a música fica na cabeça pro resto da vida, não sai nunca mais. Eu tenho preguiça de tudo, inclusive de fazer música. A gente nunca sabe direito quando terminou, e, além do mais, eu tenho medo de ficar me plagiando. Por isso, eu prefiro as parcerias”, confessa.

Para a cantora, “+ Misturado” resume a visão de todos os artistas que um dia a dirigiram em seus discos e shows: “A música do Lupicínio (a dobradinha ‘Ela Disse-me Assim’/ ‘Loucura’), eu pus para a Bethânia, que sempre me pediu uma interpretação mais séria. Não sei se é porque eu tenho a boca grande, cheia de dentes, mas eu não consigo ficar muito séria. Mas acho que fui achando uma seriedade minha, sem forçar”.

Mas agora toda a sisudez desaba, já que é hora do seu tradicional show de abertura do verão no Circo Voador. “As pessoas ficam menos chatas e agressivas no verão”, teoriza ela. 

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