'Renascença'

Memórias subjetivas de uma Belo Horizonte afetiva

Ana Elisa Ribeiro lança livro sobre a história do bairro de BH contada pelos próprios moradores

Por Gustavo Rocha
Publicado em 18 de agosto de 2018 | 03:00
 
 
 
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O bairro Renascença, na região Nordeste da capital mineira, faz parte da história de Ana Elisa Ribeiro. Quarta geração de sua família no bairro, ela orgulha-se de ter crescido e ainda morar na região. A relação que mantém com o Renascença a motivou a correr atrás de histórias do bairro e contá-las no livro “Renascença”, que será lançado neste sábado (18), na Livraria Quixote. O trabalho faz parte da coleção “BH. A Cidade de Cada Um”, da Conceito Editorial, que busca contar histórias de Belo Horizonte por meio da memória de moradores de vários espaços da cidade. “Eu sou uma privilegiada por poder contar essa história”, diz a escritora.

Alguns relatos feitos por parentes de Ana remontam ao tempo das fábricas de tecidos Cachoeirinha e Renascença, que deram nome aos bairros, que construíram ao seu redor, cada um, uma vila para abrigar a família de seus trabalhadores. A fábrica Renascença mudou-se para outra cidade há mais de uma década e seu antigo prédio hoje abriga uma faculdade particular. Já a Cachoeirinha está fechada. 

“Pesquisei em livros, que são poucos, e juntei com as memórias da minha família. Algumas histórias dos mais velhos destoam da história oficial do bairro. É como se o Renascença não fizesse parte da cidade. Até hoje, ouço minha mãe dizer que vai ‘à cidade’, se referindo ao centro”, diz. 

Recordações. No capítulo “Infâncias”, a escritora relembra: “Havia um jeito de ter vizinhos no Renascença: as pessoas nasciam vizinhas há muita gerações. Eram filhos, netos e bisnetos do Fulano ou Sicrano. Fui neta de seu Zé, filha de Gilberto; ou neta de dona Carmem e filha de Maria. Hoje não sou quase ninguém, perdida em algum anonimato, sem muitos vestígios da árvore genealógica que me antecede. Vez ou outra, quando meu pai me faz uma visita, geralmente para consertar algo estragado, os vizinhos o veem no portão e cumprimentam, param para conversar e contar suas doenças. Muda tudo quando meu pai estaca diante de minha casa. Eu, de repente, fico famosa”. 

Ela garante não trazer em si nostalgia de tempos outros. “Até porque vivo no bairro até hoje e observo, para minha surpresa, meu filho tendo uma infância muito parecida com a minha”, pontua. A infância no Renascença, segundo Ana, é feita de brincadeiras na rua, andar de bicicleta e perambular com os amigos. “O bairro tem um processo de urbanização menos acelerado. É mais perigoso que uns anos atrás, mas ainda tem uma característica de cidade de interior”, conclui.

Serviço

“Renascença” será lançado na Livraria Quixote (rua Fernandes Tourinho, 274, Savassi), às 11h. O livro custa R$ 24. 

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