Literatura

Mineira leva 1º Prêmio Kindle

“Machamba, de Gisele Mirabai, se destacou entre os mais de 2.000 livros inscritos na premiação da Amazon

Por Juliana Baeta
Publicado em 18 de janeiro de 2017 | 03:00
 
 
 
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“Ainda estou nos ares”, brinca a escritora e roteirista Gisele Mirabai, 36, logo após sair do avião que a levou para receber o Kindle de Literatura. Trata-se da primeira edição da premiação criada pela Amazon em parceria com a editora Nova Fronteira. O resultado, divulgado nessa terça-feira (17), dará a Gisele a oportunidade de publicar seu livro numa versão impressa ainda este ano, além de embolsar R$ 20 mil. Para participar do concurso, a obra deveria ser inédita e publicada pelo Kindle Direct Publishing (KDP), a ferramenta de autopublicação da Amazon.

Mineira de Belo Horizonte, ela se destacou entre as mais de 2.000 obras inscritas, com o romance ficcional “Machamba”, seu primeiro nesse estilo. Os anteriores são “Nasci pra ser Madonna” e “Guerreira de Gaia”, voltados para o público infantojuvenil, e “Homem Livre: ao Redor do Mundo Sobre uma Bicicleta”, um relato sobre a viagem de seu marido Danilo Perrotti Machado, que pedalou por 59 países do planeta.

“Machamba” se difere destes por ser uma história ficcional não recomendada para crianças. O livro é sobre uma garota do interior que se descobre ao viajar e conhecer antigas civilizações. A parte não ficcional da obra fica por conta dos cenários e ruínas que a autora de fato conheceu, e da junção que torna sólidos os mais fortes anseios de Gisele: escrever e viajar.

“Eu sempre gostei muito de viajar, mas isso só não me bastava. Eu tinha que aproveitar tudo o que estava vendo de alguma forma e, para mim, literatura e viagem se comunicam muito”, explica, citando como exemplo Guimarães Rosa e Clarice Lispector, autores de obras também inspiradas por viagens, sejam elas transcendentais ou que se desvendam durante a travessia.

Com ricas lembranças de várias partes do mundo, bastou reinventar os lugares por onde esteve. E claro, trabalhar muito para concretizar estes anseios, o que não parece ter sido nenhum sacrifício para a autora. Para escrever, sou bem disciplinada. Quando estou com uma história na cabeça, acordo, e, antes mesmo de tomar o café, me sento para escrever. Eu gosto disso, entende? Gosto deste ofício de me sentar sozinha em frente ao computador e escrever. Quando estou absorta nisso, fica até difícil voltar ao mundo real depois”, conta a belo-horizontina, radicada em São Paulo.

Caminho inverso. Geralmente, as grandes obras da literatura mundial migram para a plataforma digital como mais uma opção de se apresentarem ao mundo. No caso de Gisele, foi a tecnologia que abriu o espaço para voltar à literatura em seu modo arcaico: o papel.

Após iniciar os primeiros capítulos de “Machamba” na oficina literária do escritor pernambucano Marcelino Freire, onde lapidou a linguagem, segundo define, e finalizar o livro, Gisele não teve uma boa resposta das editoras. “Eu tive muito carinho e muito cuidado com ele. E depois de concluído, após seis meses de dedicação, fui atrás das editoras. Mas em todas que eu procurei ou eu não tive nenhuma resposta, ou o livro era recusado”, lembra.

Agora, com o prêmio na mão – e a referência como primeira autora a vencer a premiação – a obra de Gisele não poderá mais ser ignorada.

Nos próximos meses, será possível encontrar “Machamba” do jeito clássico, nas livrarias, publicado pela Nova Fronteira.

“Após nos dedicarmos aos clássicos nos últimos anos, o concurso foi uma grande oportunidade de mergulharmos na produção do nosso tempo. Foi um trabalho denso, de fôlego, que pode trazer novos autores para o nosso catálogo.” Daniele Cajueiro, diretora editorial da Nova Fronteira

 

 
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“Machamba”. Gisele Mirabai, 153 páginas, R$ 8,90

 

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