Show

O mundo dentro de uma voz

Edson Cordeiro apresenta nesta sexta em Belo Horizonte o espetáculo “Fado Tropical, fruto de seu mais recente álbum

Por rAPHAEL vIDIGAL
Publicado em 02 de junho de 2017 | 03:00
 
 
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Quando nasceu, há 50 anos, no dia 9 de fevereiro, uma coincidência marcou para sempre a trajetória de Edson Cordeiro. A data é a mesma do aniversário de Carmen Miranda (1909-1955), com uma diferença temporal de quase seis décadas. A cantora, nascida em Portugal, foi uma estrela do Brasil consagrada nos Estados Unidos. Diversidade cultural que também marca a carreira de Cordeiro, que traz em seu mais recente álbum, justamente, uma homenagem ao ritmo predileto da “terrinha”: o fado. “Tanto eu quanto a Carmen na verdade primeiro fomos sucesso no Brasil, e foi isso que possibilitou nossa mudança para o exterior. Mas, além da data de aniversário, essa é a única comparação possível, porque a Carmen é incomparável, ninguém fez tanto sucesso quanto ela, é uma estrela”, elogia.

Neste sábado (3), Cordeiro apresenta no Teatro Bradesco, às 21h, o espetáculo “Fado Tropical”, baseado em seu mais recente álbum. Finalizado na cidade de Porto e editado por um selo da Alemanha, onde o cantor reside há dez anos, “Fado” enfileira 11 canções dedicadas ao gênero, sendo apenas uma brasileira.

“Sempre cantei um fado ou outro desde criança. Mas sou um convidado dentro desse universo, não tenho a mesma familiaridade que os músicos portugueses que escolhi para me acompanhar no disco, por exemplo. Minha grande referência para esse trabalho foi a Amália Rodrigues (fadista portuguesa, 1920-1999), por isso selecionei um repertório clássico de fados que ela eternizou e que são de uma poesia grandiosa. A música do Chico Buarque com o Ruy Guerra, que dá nome ao espetáculo, veio para dar esse toque tropical ao trabalho”, conceitua.

Além das canções que integram o álbum – o qual o público brasileiro terá a oportunidade de adquirir no show, já que ele foi lançado apenas no mercado europeu –, Cordeiro incluiu no repertório algumas novidades, dente elas “Disseram Que Eu Voltei Americanizada”, samba de Luiz Peixoto e Vicente Paiva composto para Carmen Miranda em 1940. “Na apresentação eu procuro misturar outros elementos para dar mais sabor a esse tempero. Canto samba, balada, choro, baião e algumas músicas em língua estrangeira também. Trago o mundo na minha voz”, garante. Um dos números que Cordeiro promete apresentar é sua versão para “Lovesong”, balada da banda britânica The Cure presente na trilha sonora da novela “A Lei do Amor”, da Globo.

Orgulho. O fato de residir fora do país há uma década não afastou o cantor de seu povo. Cordeiro afirma que faz questão de vir ao Brasil pelo menos três vezes por ano e tece diferenças entre um público e outro. “Costumo dizer que a plateia na Alemanha vai para assistir ao show, e no Brasil ela vai para fazer junto”, compara. “Tenho o maior orgulho do Brasil e sempre tento aproximar as pessoas da música brasileira, a arte tem esse poder de quebrar as barreiras do entendimento através da emoção que ela gera. Logo que me mudei, gravei uma versão em alemão da música ‘Asa Branca’ (de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira), e sempre procuro cantar, tanto aqui quanto lá, em vários idiomas. Sou um cantor cosmopolita”, diz.

Homofobia. Casado desde 2014 com o escritor e ilustrador alemão Oliver Bieber, Edson e seu marido foram vítimas de homofobia há dois anos, quando um brasileiro os interpelou em Berlim com palavrões e começou a chutar um poste próximo a eles: “Fundamentalistas e radicais existem em qualquer parte do mundo, infelizmente. Sofremos algo parecido em Viena, e no Brasil muitas vezes antes de me mudar. Mas acredito que estamos evoluindo, com leis que protegem e amparam os casais homossexuais com os mesmos direitos reservados aos heterossexuais. A diferença é que na Alemanha a homofobia já é um crime punível, e aqui não.”

No repertório

- “Fado Tropical”
- “Coração Vagabundo”
- “Disseram Que Eu Voltei Americanizada”
- “Estrela do Mar” (Um Pequenino Grão de Areia)


Agenda

O quê. Show “Fado Tropical” com Edson Cordeiro
Quando. Nesta sexta-feira (2), às 21h
Onde. Teatro Bradesco (rua da Bahia, 2.244, centro)
Quanto. R$ 100 (inteira)

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