Exposição

O surrealismo de Man Ray

Mostra dedicada ao norte-americano chegará ao CCBB-BH em dezembro

Por Estadão Conteúdo
Publicado em 20 de agosto de 2019 | 03:00
 
 
 
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A partir desta terça (20), o CCBB-SP recebe a exposição inédita “Man Ray em Paris”, dedicada ao fotógrafo surrealista norte-americano. Tendo como curadora a francesa Emmanuelle de l’Ecotais, a mostra terá a capital mineira como próxima parada – por aqui, ficará em cartaz de 11 de dezembro a 17 de fevereiro de 2020, no CCBB-BH.

“Man Ray em Paris” foi montada de forma didática, de modo a introduzir o público na obra do fotógrafo e pintor. A exposição cobre os anos de 1921 a 1940, período mais intenso do trabalho de Man Ray, pseudônimo de Emanuel Radnitzky, nascido na Filadélfia em 1890, e que, na década de 1910, conheceu Duchamp, quando, encantado com os dadaístas, se mudou para Paris, onde conviveu com a vanguarda, de André Breton, teórico do surrealismo, a Pablo Picasso, o maior nome do cubismo. Imagens dele e de outros artistas do século 20 estão na mostra. 

Curiosamente, quase um século após Ray ter registrado imagens de corpos nus, nos anos 20, suas fotos ainda provocam desconforto – em particular nesta época de regressão moralista: o cartaz concebido pela curadora acabou sendo trocado. A peça gráfica, que reproduzia uma foto da série “Érotique Voilée”, dos anos 30, com a modelo Meret Oppenheim nua, foi substituído pela imagem “Larmes” (1932).

Mas, segundo Roberto Padilla, produtor da mostra, não houve cerceamento, e sim, cautela: “A foto poderia dar uma conotação errada à exposição, que não é só de nus”. A instituição CCBB, vale dizer, não participou do debate para decidir o cartaz.

Seja como for, a obra de Ray é repleta de sugestões eróticas, como parte da produção surrealista da época, impulsionada pelas descobertas da psicanálise freudiana, que dava grande importância ao inconsciente e ao sexo. São 255 fotografias de excepcional qualidade, produzidas por Ray em Paris, entre 1921 e 1940, além de objetos nunca exibidos no Brasil. 

Entre eles, o famoso ferro de engomar com tachinhas (“Cadeau”, 1921), ready-made (apropriação de peças do cotidiano) de sua primeira individual em Paris. Já “Obstruction” (1920/1960) deu trabalho à curadora, que é autora de dois livros sobre Man Ray. Emmanuelle supervisionou a montagem do objeto dadaísta peça a peça – são 63 cabides acoplados nessa assemblage que evoca um candelabro. Ray fez o original em 1920, e produziu uma edição de 15 deles.

Mercado. É difícil calcular, hoje, o valor de alguns dos objetos que estarão na mostra, como os citados ready-made feitos com ferro de engomar ou cabides, mas, para se ter um parâmetro, uma foto vintage do artista surrealista pode chegar ao preço US$ 2,5 milhões.

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