'Lulu, Nua e Crua'

Protagonista foge da família, mas não dos clichês 

Karin Viard vive uma mulher após uma tentativa fracassada de retornar ao mercado de trabalho, em que o entrevistador a trata como uma pobre coitada


Publicado em 08 de outubro de 2015 | 03:00
 
 
 
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“Lulu, Nua e Crua”, que estreia neste quinta (8), tem um grande trunfo a seu favor. Toda mulher que passou a se dedicar à família após o nascimento dos filhos já deve ter se sentido, em algum momento, frustrada, invisível e, acima de tudo, pouco reconhecida por aquele heroico trabalho. E pensou em sumir para que as pessoas percebam seu valor.

É exatamente o que Lulu (Karin Viard) faz após uma tentativa fracassada de retornar ao mercado de trabalho, em que o entrevistador a trata como uma pobre coitada. Ela decide simplesmente não voltar para casa. Para o azar de Lulu (e do espectador), porém, ela pode fugir da família, mas não dos clichês desse tipo de filme.

A protagonista vai andar num carrinho de batida em um parque de diversões deprimente para mostrar o status de sua vida: dirigindo ao léu, sem rumo nem sair do lugar. Vai nadar nua no mar para se libertar das prisões terrenas. E como “Lulu Nua e Crua” não é “Thelma e Louise”, mas sim um filme francês, ela não vai transar com Brad Pitt de cuequinha branca, e sim com um homem mais velho, ligeiramente obeso e ex-presidiário, Charles (Bouli Lanners).

O que o ator deixa a desejar no critério tanquinho, contudo, ele compensa com sua performance. E esse é o maior mérito do longa da diretora islandesa Sólveig Anspach. Mesmo que seu filme nunca se eleve acima da média desse tipo de produção, ele é salvo por um bom elenco de rostos comuns e sem glamour, condizentes com os personagens, e capaz de conferir intensidade dramática e verdade a um roteiro pouco ousado e original.

Além de Viard e Lanners, o destaque é a veterana Claude Gensac. Ela só chega no meio da história como Marthe, mas traz ao longa uma vivacidade e uma leveza que faltam na fotografia cinza e na melancolia lacônica da protagonista.

O filme ainda derrapa ao desviar o foco de Lulu para a irmã e a filha dela, numa tentativa de humor que não funciona. Mas para seu público-alvo, que talvez não tenha a mesma coragem de Lulu, é o mais perto da “sweet escape” cantada por Gwen Stefani que elas vão chegar. (DO)

Outras estreias

Semana de muitas novidades. O cinema francês ainda oferece “O Diário de uma Camareira”, remake do clássico de 1964 estrelado por Léa Seydoux. E de Israel, chega “Os Árabes Também Dançam”, dirigido pelo Eran Riklis, de “Lemon Tree”.

As outras três estreias vêm de Hollywood. Para as crianças, Joe Wright revisita o mito de “Peter Pan”, com Hugh Jackman como Barba Negra. Já Owen Wilson tenta convencer como astro de ação em “Horas de Desespero”, ao lado de Pierce Brosnan. E Keanu Reeves é perseguido por meninas malvadas em “Bata Antes de Entrar”.

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