Espetáculo

Quando a crise se faz necessária

Após pausa dos palcos, Grupo Teatro Invertido volta com quatro solos

Por Laura Maria
Publicado em 17 de maio de 2018 | 03:00
 
 
 
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Estar em crise não significa necessariamente estar mal. Os rearranjos na ordem natural dos acontecimentos podem resultar em momentos de reflexão acerca da própria existência. Visto por essa ótica, o Grupo Teatro Invertido esteve em crise. Em 2015, depois de rodarem por diversos palcos com “Noturno” – espetáculo comemorativo pelos dez anos de formação do grupo –, a trupe deu uma pausa para fazer o exercício de pensar no fazer teatral.

A “imersão nas crises” de cada um dos quatro atores se frutificou em “Teatro Insurgente - Mostra de Solos do Teatro Invertido”, que começa nesta quinta-feira (17) com “Ciclos”, solo da atriz e uma das fundadoras do grupo Rita Maia. “A gente necessitou fazer uma pausa. Não chegamos a parar de trabalhar, mas ficamos afastados do palco por dois anos. Pudemos refletir melhor sobre o que nós queríamos dizer, sobre como é estarmos juntos. Isso também tem a ver com o ano de 2016, em que o país estava em polvorosa. A crise aparece como uma palavra ruim, mas ela serve para refletir o modo de estarmos juntos”, afirma Rita. 

A partir dessa reflexão, cada artista trabalhou individualmente o tema, motivo pelo qual eles optaram pelas apresentações solo. “Não era possível juntar tudo em um espetáculo”, justifica a atriz.

Para retratar o tema, Rita escolheu um assunto doloroso: o de ter perdido três bebês nas três vezes em que esteve grávida. “O ‘Ciclos’ é um solo idealizado por mim, em que atuo e assino a dramaturgia, e que faz referência às experiências sobre as minhas tentativas de ser mãe após os 40 anos”, diz. Por mais que falar sobre os abortos espontâneos tenha sido como mexer em “uma ferida aberta”, Rita encarou o projeto com coragem. “Apesar da dor, tem uma alegria também”, afirma.

No palco, ela dispensa o literal e usa de performances, dança e áudios para compor a narrativa. “A história é subvertida. Tentei trabalhar a partir do meu corpo”, observa.

Depois de “Ciclos”, estreiam na mostra os solos “Santiago” (agosto), de Dimitrius Possidônio, “Salvador” (setembro), de Robson Vieira, e “Carne” (novembro), de Maria Rita Fonseca. 

Agenda

O quê. “Ciclos” abre “Teatro Insurgente - Mostra de Solos do Teatro Invertido”

Quando. Quinta (17), às 19h. A montagem fica em cartaz até 3 de junho

Onde. Galpão Cine Horto (rua Pitangui, 3.613, Horto)

Quanto. R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia-entrada).

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