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Sávio Reale fala das conquistas da "GLS"

Redação O Tempo

Por DANIEL BARBOSA
Publicado em 20 de janeiro de 2006 | 22:43
 
 
 
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Responsável pela coluna semanal da página GLS praticamente desde a fundação do jornal O TEMPO, em 1996, Sávio Reale deixou a função no início deste ano levando consigo uma experiência que considera revolucionária. Ele recorda que, antes da página, praticamente não existiam grupos de ativismo GLBT em Minas Gerais.

"A GLS, sem dúvida, ajudou a preparar o terreno para a criação de todos os grupos que estão em atividade e também aqueles que já desapareceram ou se transformaram", diz.

Ele destaca que a iniciativa pioneira em um jornal diário, de dedicar um espaço semanal fixo exclusivo para assuntos de interesse da comunidade gay, acabou por estimular publicações similares no interior de Minas Gerais e mesmo em outros Estados.

Sávio considera que a partir desse tomada de posição por parte de veículos da mídia impressa, a homossexualidade passou a ser tratada de uma forma diferenciada, deixando, como diz, de figurar apenas nas páginas policiais e conquistando espaço em editoriais, matérias, entrevistas e até mesmo em páginas inteiras de cadernos de cultura país afora.

"A página levou diversos assuntos para a mesa do almoço da família mineira e ajudou inúmeros homossexuais a elevarem sua auto-estima ao apresentar gays, lésbicas e transgêneros sem drama com sua afetividade, sexualidade e orientação sexual. Abrimos ainda mais o caminho para as novas gerações, para os jovens homossexuais, com informação e respeito, de maneira que possam se assumir de maneira mais positiva", opina.

Ele acrescenta que a página derrubou mitos e preconceitos e instaurou o debate, a conversa franca e a reflexão, dando voz à comunidade GLBT. Em relação à sua coluna, ele diz que sempre procurou escrever sobre assuntos que refletissem sua própria história de vida.

"Durante muitos anos procurei mostrar um pouco da diversão noturna, que era o espaço de maior visibilidade da comunidade GLBT. Ainda é, mas isso está mudando. À medida que ia diminuindo minha frequência às casas noturnas e outros ambientes de diversão, também passei a falar menos deles e sobre o que acontecia lá", explica o colunista que buscou ainda outra abordagem.

"Sempre fui fiel àquilo em que acredito e procurei desmistificar essa idéia preconcebida de que todo gay é alienado, só se preocupa com sexo, moda e diversão. Procurei sempre um tom mais opinativo, político e participativo", diz.

Ao falar sobre o que significou ser colunista da página GLS, ele é objetivo: "Um aprendizado enorme, auto-aceitação, autoconhecimento, altos e baixos na auto-estima, crescimento e, sobretudo, muito trabalho".

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