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The Offspring abre calendário de shows internacionais em BH

Pouca novidade no front: seguindo tendência mundial de 'revival', a banda californiana com 30 anos de estrada abre a temporada de grandes shows da cidade nesta quarta-feira (5)

Por Ludmila Azevedo
Publicado em 05 de fevereiro de 2014 | 04:00
 
 
 
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Quando Dexter Holland (vocais, guitarra), Noodles (guitarra), Greg K (baixo) e Pete Parada (bateria) tocarem hoje boa parte de seus hits no Chevrolet Hall, muitos fãs terão garantida uma dose de nostalgia. Com 30 anos de estrada, a primeira atração internacional a pisar em território mineiro em 2014 reflete uma tendência mundial: a de colocar no centro das atenções aqueles que já tiveram tempos áureos.

“Acho que secou a fonte e não existe reposição. Quando você percebe que os headliners de grandes festivais, não só no Brasil, são nomes como U2 e Paul McCartney, que talvez não estejam em atividade nos próximos cinco ou dez anos, percebe-se que não foi formada uma nova geração para shows. Todas as bandas que atraem grandes públicos têm mais de 20 anos de estrada”, afirma Luiz Cesar Pimentel, editor do portal R7, no qual mantém um blog especializado em música.

Para ele, o público jovem está mais disperso quando a questão é um show ou festival, que possuem mais uma conotação de balada. “Hoje, você ouve muito mais música do que nas décadas passadas, mas o processo era mais saudável para existência do artista e de um mercado. Ao comprar um disco, se aproveitava aquele conjunto, e a banda tinha que ter ensaiado muito para chegar àquele ponto, formar um repertório consistente. Atualmente, há quem se lance com uma música, o consumo é mais imediato, viral”, afirma Pimentel.

Por essa razão, no universo pop-rock, os anos 2000 não têm um Metallica, Guns n’ Roses ou The Offspring para chamarem de seu (e todos estes se apresentam por aqui neste ano), guardadas as devidas diferenças de cada um desses nomes, com público cativo no Brasil. “Nós passamos muitos anos sem receber shows internacionais, e quando essas bandas começaram a vir de maneira contínua, muita gente reclamou que talvez algumas estivessem no ostracismo, mas não é bem assim”, diz Terence Machado, editor e apresentador do programa “Alto-Falante”, da Rede Minas.

“Esses shows e festivais no país acabam sendo a oportunidade para ver bandas que foram muito esperadas. No meu caso foi o Pavement, numa edição do Planeta Terra. Claro que era perceptível que boa parte do público nem sabia do que se tratava, e isso tem acontecido em todo mundo. Grandes festivais como o Coachella sinalizam essa mudança de comportamento”, afirma a produtora Fernanda Azevedo, que possui na bagagem tantos shows vistos que até assusta os amigos mais novos, como costuma brincar.

Preços salgados. Se dá para fazer a piada infame de que alguns artistas estrangeiros são tão atuantes no Brasil que poderiam comprar uma casinha de praia em Itacaré, isso não interferiu em nada no acesso aos shows. Fernanda Azevedo bem que gostaria de assistir à performance do The Offspring, especialmente por causa do repertório dos primeiros discos, como “Smash”, porém o fato de a entrada mais barata custar R$180 é um limitador.

“Em relação ao lugar de origem da banda, o show aqui é mais caro porque os artistas trazem som deles, além de toda a parafernália de palco. O Guns mesmo não viaja sem a estrutura própria e o cachê é o mesmo lá de fora, cobrado em dólares. Isso encarece o evento”, considera Fernanda.

Por outro lado, ela defende que deveria existir uma análise mais rigorosa do governo em alguns pontos. “A meia-entrada é um problema grave. Eu sei que o show poderia custar menos para os fãs. No entanto, como muita gente arruma carteira de estudante falsa, a gente tem que pagar por isso”, aponta. Outro absurdo que a produtora lembra é a taxa de conveniência de alguns ingressos. “Cobrar R$ 40 para uma simples impressão, em alguns casos, é o fim”.

Ainda que até o público-alvo desses artistas internacionais esteja optando por deixar de ir ao show por causa dos preços altos ou mesmo de uma falta infraestrutura desejável, no caso de grande festivais, o mercado vai bem e segue apostando no líquido e certo.


Agenda

O quê. The Offspring

Onde. Chevrolet Hall (av. Nossa Senhora do Carmo, 230, Savassi).

Quando. Hoje, às 21h30

Ingressos. R$ 180 a R$ 240 (inteira)

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