Workshop

Um mestre da bateria em BH 

Vinny Appice passa por Belo Horizonte em turnê de workshops e fala sobre tocar ao lado de ícones como Lennon e Dio

Por lucas buzatti
Publicado em 03 de junho de 2015 | 03:00
 
 
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Talvez você não saiba, mas o famoso gesto dos “chifres” com a mão – um símbolo de reconhecimento dos apreciadores do heavy metal – foi criado no início dos anos 80 por Ronnie James Dio. Na época, o vocalista norte-americano encarava o grande desafio de sua carreira: substituir Ozzy Osbourne no Black Sabbath. Dio não só provou ser um exímio cantor como ajudou o grupo a conceber alguns de seus discos mais emblemáticos. Para tanto, contou com a ajuda do amigo baterista Vinny Appice, que entrou no grupo substituindo Bill Ward logo após o lançamento de “Heaven and Hell”, em 1980. A trajetória com o Sabbath projetou o nome de Appice, que se tornou uma das maiores referências do mundo nas baquetas quando o assunto é música pesada. Em turnê pelo Brasil, o baterista ministra workshop nesta quinta, em Belo Horizonte (veja mais na página 2).

“Vou tocar um monte de música do Black Sabbath, explicando as partes de bateria e contando um pouco de suas histórias”, explica Vinny Appice, 57, em entrevista ao Magazine . “Depois, vou responder perguntas e demonstrar algumas técnicas de bateria. Também farei um ‘Meet and Greet’ com músicos locais”, completa o baterista. “Eu venho fazendo oficinas e ensinando bateria há muitos anos, e é algo que eu realmente gosto de fazer. É outra área de negócio da música, que vai além de fazer shows todas as noites, mas nem por isso se torna uma coisa chata. No fim, é tudo sobre estar perto dos fãs”.

Para Appice, apesar de ser voltado para músicos, o evento também costuma agradar entusiastas de todos os tipos. “São oficinas de música, não só de bateria. Ouvimos muitas músicas e também falamos sobre a história delas, o que tanto não músicos como músicos podem apreciar”, defende. “As oficinas dão aos fãs a chance de falarem comigo pessoalmente, e a reação deles é sempre muito emocionante, principalmente no Brasil. É incrível como os fãs brasileiros são apaixonados por rock. Eles gostam tanto das músicas, se não mais, do que quem as criou”, elogia.

Em 2009, o baterista passou por Belo Horizonte junto ao Heaven and Hell, banda formada pelos integrantes do Black Sabbath na chamada “fase Dio”. “Essa turnê foi fantástica. E, como já aconteceu com todas as bandas em que já toquei, o público mais explosivo foi o do Brasil”, relembra. Um ano depois, Ronnie James Dio morreu, aos 67 anos, vítima de um câncer de estômago. “Dio e eu éramos amigos, e eu ainda sinto muita falta dele. Era uma pessoa e um amigo incrível, e ainda mais incrível como cantor. É raro poder trabalhar com alguém tão bom quanto Ronnie e ainda se tornar amigo de um cara tão legal” destaca.

Com o Sabbath, Appice gravou o clássico “Mob Rules” (1981) e o primeiro disco ao vivo da banda, “Live Evil” (1982). Por divergências com o guitarrista Tommy Iommi, Dio decidiu sair do grupo e partiu em carreira solo, levando o amigo, que foi responsável pela bateria de discos icônicos como “Holy Diver” (1983) e “Last In Line” (1984). A dupla voltou ao Black Sabbath em 1992, após uma série de discos frustrados da banda com outros vocalistas. Novamente, veio outro petardo: “Dehumanizer”, um dos preferidos do baterista. “O ‘Mob Rules’ foi um álbum clássico, mas tendo a favorecer ‘Dehumanizer’ porque as músicas são muito agressivos. É um som que vai direto na sua cara”, afirma. “Sou orgulhoso de todos os álbuns que gravei com o Sabbath e também de discos da carreira de Dio, como ‘Holy Diver’ e ‘Last In Line’, que viraram referências para roqueiros tanto antigos quanto novos”, diz.

Tocar com ícones da música, inclusive, parece ser uma sina de Vinny Appice, que começou a carreira gravando com ninguém menos que John Lennon. “Trabalhei com Lennon em 1974. Queríamos gravar palmas de mão sobre a música ‘Whatever Gets You Through the Night’ e, a partir daí, ele pediu para fazer alguns vídeos em um show ao vivo, na TV, na frente de uma plateia em Nova York. Essa foi a sua última aparição ao vivo, e foi fantástico”, lembra. “Ele era acostumado a entrar na sala de ensaio e nos estúdios de Nova York, e ficar nos assistindo tocar. Para conhecê-lo bem eram necessárias algumas partidas de bilhar. Foi uma experiência incrível, especialmente na época. Eu tinha apenas 17 anos de idade”.

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