Visibilidade ainda que tardia  

Desde o 1º Encontro de Mulheres Afro-Latino, Americanas e Afro-Caribenhas, em São Domingos, na República Dominicana, em 1992, 25 de julho ficou instituído como o Dia Internacional da Mulher Negra, Latino Americana e Caribenha. No Brasil, desde 2014, a data homenageia também Tereza de Benguela, importante líder quilombola do século XVIII.

Para celebrar a ocasião, o Instituto Cultural Casarão das Artes, em parceria com o Memorial Minas Vale, realiza, desde o dia 20, a primeira edição da Mostra Mulher Negra e Arte. “Entendemos que seria muito rico procurar artistas negras de Belo Horizonte para mostrarem um pouco do seu trabalho, em reconhecimento ao dia da mulher negra”, justifica a curadora Rosália Diogo.

E hoje, último dia da mostra, traz um dos principais eventos da programação. A partir das 10h, a escritora mineira Conceição Evaristo, escolhida como a grande homenageada desta primeira edição, participa de um bate-papo com o público no Memorial. “Ela é, ao nosso ver, a maior escritora negra do Brasil hoje”, pontifica Diogo.

Nascida numa favela de Belo Horizonte, Evaristo representou o Brasil no Salão do Livro de Paris, no ano passado, além de ter ficado com o terceiro lugar no Prêmio Jabuti de Literatura por seu romance “Olhos D’água”. “Apesar de ter alcançado uma visibilidade relativa, sobretudo no meio acadêmico, ela ainda tem um espaço aquém do mérito que possui”, considera a curadora.

Após a homenagem, a programação da mostra segue com seis painéis, também no Memorial. Cada um deles vai discutir a presença e a atuação da mulher negra em diferentes campos artísticos.

A partir das 11h, a diretora Cida Ribeiro conduz o painel do cinema. O de literatura terá à frente as escritoras Madu Costa, Jussara Santos e Rosane Pires. E o de educação será coordenado pela secretária de Educação do Estado, Macaé Evaristo, e pela representante da Secretaria Municipal de Educação, Mara Evaristo – ambas primas de Conceição.

À tarde, às 13h30, acontecem os painéis sobre artes cênicas, conduzido pelo coletivo Negras Autoras; empreendedorismo, coordenado por Dandara Elias; e comunicação, comandado pelo Clube de Blogueiras Negras.

A mostra se encerra às 17h, no Teatro Francisco Nunes, com o show “Delas”. No palco, vão se apresentar Zaika dos Santos, Black Josie e D’aiolla, com uma participação especial das Damas do Soul. Para Diogo, o espaço pioneiro concedido às artistas negras do Estado é sintoma de uma visibilidade crescente para elas em Minas nos últimos anos, mas que ainda está muito aquém do necessário. “Os aportes financeiros e investimentos ainda não são suficientes. É preciso contribuir, sacudir, levantar propostas e repercutir positivamente essa classe artística feminina negra”, pleiteia.

Programe-se

O quê. Mostra Mulher Negra e Arte

Quando. Hoje, a partir das 10h

Programação completa. facebook.com/casaraodasartesbh

Entrada gratuita