A mãe Azenoura era professora de catecismo e sua família, católica. Célia Regina, professora de português, percebeu que seu aluno era diferente, e a benzedeira, dona Albertina, aconselhou a mãe a levar o menino a um centro espírita. Naquela época, Henrique Bottaro estava com 8 para 9 anos. Hoje, aos 51, ele atua como médium de psicografia no Lar Espírita As Flores do Jardim de Maria, em Ribeirão Pires, no Grande ABC Paulista.
O médium relata que, naquela ocasião, começou a frequentar o Centro Espírita Ismênia de Jesus, em sua cidade natal, Ribeirão Pires, onde recebeu as primeiras orientações de Neuza Barbosa Conceição e Rosa Meca (tia Rosa) e fez vários cursos doutrinários. Com o passar do tempo e o avanço nos estudos mediúnicos, assumiu o cargo de dirigente na Mocidade Espírita Maria Máximo.
Com 12 anos, Bottaro disse à sua mãe que achava que iria ter um centro espírita quando fosse adulto. “Ela me perguntou o porquê daquela suspeição. ‘É que eu me vejo sentado em uma mesa de frente para centenas de pessoas’, respondi. Hoje sei que aquilo foi uma projeção do trabalho que realizo hoje com as cartas consoladoras”, relembra.
E emenda: “São aproximadamente 33 anos dedicados a esse trabalho, e desde 2014 trabalhando com as cartas consoladoras, em que atuo como interlocutor entre o plano espiritual e os entes queridos encarnados. Mensalmente, em torno de mil visitantes vêm em busca de consolo e de respostas por meio das mensagens psicografadas que acalentam os corações. O Lar assiste mais de mil pessoas por mês”, comenta o médium.
Seus mentores são Amélia e Ramirez. “Ramirez diz que só sente saudade quem teve história. Nossos entes queridos sentem saudade da mesma forma que sentimos deles, só que eles têm outra amplitude de vida, pois não estão presos à matéria. Mas não podemos romantizar. Não é pelo fato de estarem desencarnados que conhecem tudo que está acontecendo com a gente. Da mesma forma que não sabemos o que está acontecendo com eles, eles não sabem o que acontece conosco”, ressalta Bottaro.
Ele relembra que o médium Chico Xavier dizia que “as lágrimas de saudade são gotas de luz que espargem sobre nossos entes amados”. “Do mesmo modo que a revolta, a tristeza, a depressão e a não aceitação do desencarne são gotas que pesam sobre nossos entes queridos, que se sentem impotentes e querem gritar que estão vivos”.
O médium, que viaja para todo o Brasil atendendo pessoas com as cartas consoladoras, explica que, muitas vezes, a pessoa deseja notícias de determinado ente, como um marido ou esposa, e quem se manifesta pode ser o irmão, o pai, a avó ou a mãe.
“A espiritualidade é que determina quem fará o contato. A comunicação entre o espírito comunicante e o médium não é fácil, levando-se em consideração seu nervosismo e a dificuldade do intercâmbio. Não vamos poetizar nem fantasiar. Nem tudo conseguimos entender. Não dá para chegar a uma sessão de psicografia desejando que o ente desencarnado diga o que a gente quer ouvir. Eles narram aquilo que eles desejam e conseguem comunicar”, esclarece o médium.
Bottaro diz que tem as faculdades mediúnicas da visão, audição, quadros mentais, intuição e psicometria. “Mas não há garantia de que a psicografia vai ocorrer. Não é porque eu vi e ouvi que o ente vai conseguir escrever. São momentos distintos. A psicografia acontece quando o espírito comunicante se aproxima de mim, se acopla ao meu perispírito, e é através da glândula pineal que ocorrem os fenômenos. Entro em sintonia com o pensamento do comunicante, recebo as informações e as coloco no papel, conforme meu entendimento”.
Saudade é o que motiva os encontros
O médium fornece números interessantes. “Em uma sessão de psicografia, 95% dos participantes não são espíritas, mas espiritualistas ou de outras religiões. O que leva as pessoas a uma sessão de psicografia não é a bandeira da religião, mas a da saudade. Como há muita diversidade religiosa nas sessões públicas, elas acabam sendo um tipo de cartão de visita para a doutrina espírita”.
E por que nem todos recebem mensagem do lado de lá? “A misericórdia de Jesus é com todos, não faz distinção. É preciso que haja uma sintonia pura. Emmanuel, no livro “Mediunidade e Sintonia”, fala que o médium é o medianeiro, o intérprete entre os vivos daqui e os vivos da espiritualidade”, finaliza Bottaro.
Para ter acesso à agenda do médium. Instagram @cartasconsoladorashenrique e Facebook cartasconsoladorashenriquebottaro.
“Maximiliano Kolbe e Eu” nos cinemas
A animação “Maximiliano Kolbe e Eu” estreia nos cinemas no próximo dia 17 com um time de peso na dublagem, a começar pelo diretor, Eduardo Borgerth, reconhecido por trabalhos em filmes e séries como “Os Vingadores” e “Grey’s Anatomy”. Ele não mediu esforços para levar vozes de destaque para a produção, e uma delas é a do ator Juliano Cazarré.
A animação foi produzida no México e narra a história do santo polonês Maximiliano Maria Kolbe, conhecido por sua coragem e sacrifício no campo de concentração de Auschwitz. Por meio do relato de um idoso de nome Gunter e seu jovem ajudante D.J., o filme revela os valores de fé, compaixão e entrega que marcaram a vida de Kolbe. Borgerth revela que a escolha para dublar o padre foi certeira. “O ator Juliano Cazarré veio fazer parte da equipe de forma casual. Eu estava aqui em casa, enfim, e me deu esse estalo. Eu sabia do viés cristão, católico dele, resolvemos arriscar, e ele aceitou. Deus faz essas coisas”.
Para a CEO da Kolbe Arte, Angela Morais, “‘Maximiliano Kolbe’ é mais um título no qual nós acreditamos muito, não só pelo nosso amigo padre Kolbe, mas pelo conteúdo da animação”. “É um conjunto: trilha, animação, vozes de dublagem. Em todas as nossas produções, temos feito o melhor para levar qualidade para nosso público”. (AED)