Nico Krispis tem 11 anos e nunca contou uma mentira. Quando os nazistas invadem sua casa, em Salônica, na Grécia, o menino judeu se vê sozinho com um oficial alemão, que decide explorar sua inocência de maneira cruel. Ele é convencido de que poderá rever sua família se fizer um pequeno serviço por alguns dias: ir até a estação de trem e garantir aos judeus forçados a embarcar que todos estarão seguros em seus “novos lares”.
Somente quando já é tarde demais, Nico descobre que ajudou a enviar a própria família – e milhares de outras pessoas – para a morte nos campos de extermínio. Ele nunca mais diz a verdade.
Este é o enredo de “O Pequeno Mentiroso”, novo livro de Mitch Albom, jornalista esportivo, roteirista e músico, cujos livros já foram traduzidos para 48 idiomas e venderam mais de 40 milhões de exemplares em todo o mundo. Entre eles, “Um Milagre Chamado Chika” e “As Cinco Pessoas que Você Encontra no Céu”.
“Queria escrever um livro sobre o horror do Holocausto, mas diferente de tudo que já tinha sido escrito por tantas outras pessoas e de tantas outras formas. Estava à procura de algo diferente. Um ângulo que fosse apropriado também para os dias de hoje”, comenta Albom.
Foi quando ele percebeu que a maior vítima do Holocausto, em muitos aspectos, havia sido a verdade. “Foram as mentiras que os nazi contaram que lhes permitiram perpetrar o mal que fizeram. Mentiram ao seu povo. Mentiram ao mundo. Mentiram certamente às suas vítimas. Queria mostrar o que acontece quando perdemos a verdade e as enormes ramificações desse período”, enfatiza.
Em seus livros, o escritor explora a fé, o perdão, a esperança, Deus. A verdade é a protagonista, e o perdão coadjuvante. “Nico, o rapaz que foi enganado para mentir ao seu próprio povo, passa toda a sua vida procurando o perdão pelo seu ato. Seu irmão, que foi enviado para os campos de concentração, passa toda a sua vida se recusando a perdoar”.
E emenda: “Certamente, a ideia de esperança em Deus e de fé está presente entre as vítimas do Holocausto, que, de alguma forma, tiveram que se agarrar a elas sob as mais pesadas circunstâncias. Penso que, se conseguirmos manter nossa fé e nossa esperança enquanto prisioneiros num campo de concentração, nossa força não tem fim. É quase inimaginavelmente inspirador”.
O escritor ressalta que “Nico, um garoto ainda, é enganado por um oficial nazi para mentir para o seu próprio povo judeu”. “Quando entende que, inadvertidamente, os enviou para a morte, a sua mente jovem não consegue compreender as ramificações. Ele fica tão chocado com o que a suposta verdade o levou a fazer que perde a capacidade de a dizer novamente. Torna-se um mentiroso perpétuo”.
O escritor diz que a mensagem do livro gira em torno de que, “quando perdemos a nossa reverência pela verdade, nos perdemos de nós mesmos como seres humanos”. “Se não nos preocuparmos com a verdade, podemos nos safar de quase tudo. E, se os nossos governos não se importarem de mentir para seu povo, seu poder não será controlado”.
E arremata, falando de seu objetivo ao escrever a obra: “Também queria que os leitores compreendessem a enorme força do perdão. Que mesmo nas piores circunstâncias humanas, a capacidade de perdoar é verdadeiramente divina e nos permite continuar com a vida mesmo quando, durante algum tempo, pensávamos que isso era impossível”.
A jornalista Ana Elizabeth Diniz escreve neste espaço às terças-feiras. E-mail: anabethdiniz@gmail.com.
Além da sobrevivência
O escritor Mitch Albom expõe os sentimentos de todos os envolvidos na trama de forma tão intensa que é como se estivéssemos ali, convivendo com o horror, os afetos, o luto, o sofrimento e a resiliência.
“Meu desejo foi escrever sobre o que aconteceu às vítimas anos após o término do Holocausto. Esta é uma das partes mais fortes do livro. Não basta ter sobrevivido aos campos de concentração. Vemos os ecos do horror, as mentiras e o custo do que foi suportado. Nico tenta construir uma vida se escondendo da verdade do que fez. Fanny passa a vida a tentar perdoar os outros, assim como Nico. Sebastian passa a vida tentando se vingar de Udo, o nazi que perpetrou tudo isso; e este passa a vida escondido, à espera de uma oportunidade para voltar a fazer o mal”. (AED)
Lançamento
O pequeno mentiroso”
Mitch Albom
Editora Sextante
320 páginas
R$ 59,90
“Coração de Pai” chega às plataformas
O documentário “Coração de Pai”, disponível agora na Claro TV, convida o público a refletir sobre a profundidade de sua devoção e o impacto que ele continua a exercer na vida de milhões de fiéis ao redor do mundo.
Distribuído pela Kolbe Arte, o documentário poderá ser assistido pelo streaming (Netflix ou Claro TV), em sessões exclusivas em paróquias ou em uma sessão de cinema da sua cidade. O filme revela histórias reais de milagres e testemunhos emocionantes ligados à intercessão do santo, convidando os espectadores a se conectar com a espiritualidade e os valores que ele representa.
A direção e a produção do documentário são de Andrés Garrigó, e os atores principais são Paco Pérez-Reus, que dá vida a são José, e María Gil, a Maria. “Este filme é uma viagem em busca dos vestígios de são José. Depois de quase um ano de pesquisa, selecionamos depoimentos atuais e extraordinários de pessoas simples, marcadas pela ação do santo em suas vidas”, diz Garrigó.
Perseguindo o legado de são José, a equipe chegou a lugares pouco conhecidos, como Cotignac, na França, ou Tuscania, na Itália, onde o santo apareceu no passado. “Na Espanha descobrimos a presença especial do santo em Toledo, em Ávila e em Barcelona, onde as filmagens aconteceram tanto no templo da Sagrada Família como no Santuário de São José da Montanha”, comenta o diretor.
A figura de são José tem sido fortalecida pelos últimos papas, desde Pio IX, que o nomeou patrono da Igreja, até Francisco, que declarou 2021 como o ano jubilar de são José. Francisco revelou que coloca aos pés de sua imagem pedacinhos de papel com as intenções que lhe são confiadas.
SERVIÇO: Para programar uma sessão em sua cidade: (11) 95297-5501 (WhatsApp).
Assista ao trailer em: https://youtu.be/hKVKy9YsCvg.