Dívida mensal de mais de R$ 8 milhões e déficit de até 40% dos profissionais. É neste cenário que a Santa Casa BH, maior complexo hospitalar da capital mineira, atende pacientes vindos de diversas cidades de Minas Gerais e até mesmo de outras regiões do país. A estrutura da unidade de saúde, que conta, inclusive, com doações para se manter, é tema da última reportagem da série 'Plantão 24 horas'.
Nos 13 andares da Santa Casa BH, 1.153 leitos, sendo 180 do Centro de Terapia Intensiva (CTI), acolhem os pacientes. Dados da administração apontam que, por mês, são realizados 51.206 atendimentos em média. Cerca de 755 municípios mineiros e 68 de outros Estados – na maior parte das regiões Norte e Nordeste – são atendidos.
O grande desafio para gerenciar a Santa Casa BH está na parte financeira, como aponta Roberto Otto, provedor da unidade. “O principal desafio de qualquer instituição filantrópica prestadora de serviços para o SUS é o equilíbrio financeiro. Buscamos a sustentabilidade financeira o tempo inteiro, mas, hoje, temos um déficit mensal de R$ 8,5 milhões por mês”, afirma.
A falta de dinheiro pode ser explicada pela defasagem da tabela SUS, que determina os valores a serem repassados aos hospitais. “Temos que utilizar os recursos públicos para conseguir atender o máximo de pacientes”, ressalta.
O complexo hospitalar Santa Casa BH é um dos hospitais 100% SUS da capital mineira. Os recursos vêm dos três entes federados: 68% da União, 28% da prefeitura de Belo Horizonte e 4% do governo de Minas Gerais. Se não bastasse o déficit financeiro, há o de pessoal. A estimativa é que a unidade funcione com até 40% menos profissionais do que o necessário. “Temos 19 salas de cirurgia e apenas 12 funcionando. Nossa crise maior é a falta de anestesista, que atinge todo o Brasil”, destaca Otto.
A falta desses profissionais faz com que cerca de 3.500 pessoas fiquem na fila esperando pela realização de cirurgias. “Temos que fazer um malabarismo. É com muito jogo de cintura que superamos as dificuldades desde 1899. A Santa Casa é uma joia que nós, enquanto sociedade, temos que cuidar para que continue prestando serviço relevante”, diz.
Portaria do Ministério da Saúde: repasse pode ajudar a zerar dívida
Uma portaria do Ministério da Saúde publicada em abril deste ano garantiu o repasse de R$ 2 bilhões para hospitais filantrópicos e Santas Casas do país. A medida, aliada ao compromisso firmado pelo governo federal de ajudar os hospitais 100% SUS de BH no pagamento de dívidas, faz com que o provedor da unidade, Roberto Otto, tenha perspectiva de melhorias.
“A nossa dívida é reconhecida, e, a partir do momento que isso acontece pelo poder público, está sendo trabalhado para quitá-la. Tivemos agora o aumento no financiamento da Santa Casa. Acreditamos que neste ano conseguiremos pagar o que devemos. Isso se dá porque as instituições filantrópicas estão sendo vistas como as soluções para o SUS, já que entregamos qualidade por um preço mais em conta”. Com o cenário econômico melhorando, o objetivo é poder oferecer melhores remunerações aos profissionais e, consequentemente, reduzir o déficit.
A importância de unidades de saúde como a Santa Casa BH foi destacada pela ministra da Saúde, Nísia Trindade, na assinatura da portaria. Ela pontuou que as instituições respondem por 61,19% das internações do SUS em unidades de alta complexidade e 39,80% de média.
Doações possibilitam sequência dos trabalhos
Mesmo com o balanço financeiro no vermelho, a Santa Casa BH consegue sobrevida por causa de serviços privados administrados pela unidade de saúde. “Temos o Hospital São Lucas – de saúde suplementar –, a funerária, a faculdade e ainda contamos com o apoio da população”, diz Roberto Otto, provedor do Santa Casa.
As doações possibilitam melhoras na estrutura, como, por exemplo, na cozinha, que recentemente recebeu quatro novos fornos para preparar as refeições distribuídas aos pacientes e acompanhantes.
Diversas são as formas de contribuir com a Santa Casa BH: seja por meio de valores debitados nas contas de água e luz (a partir de R$ 5), além de doações via depósito bancário ou Pix. Para mais informações, é só entrar em contato pelo 0800 941 7377.