Quantcast
Foto: (Envelhecimento da população: geriatra sugere observar os 5M / Reprodução)

Geriatra e professor na Faculdade de Medicina da UFMG, Luís Felipe Ravic de Miranda (ao centro) com alunos de medicina, do 5 período

Envelhecimento da população: geriatra sugere observar os 5M

Professor na Faculdade de Medicina da UFMG adota classificação de professora norte-americana para que profissionais de saúde e familiares se atentem aos sinais que os idosos dão

Por Cristiana Andrade, Maria Irenilda, Milena Geovana e Queila Ariadne Publicado em 16 de abril de 2024 | 08h01

Compartilhe

Na busca por compartilhar informações e contribuir para que profissionais da porta de entrada do Sistema Único de Saúde (SUS) – no posto de saúde – atuem de maneira mais assertiva, o geriatra Luis Felipe José Ravic de Miranda, professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), ministra cursos gratuitos em Minas Gerais para esse público, por iniciativa própria.

Ravic adota a classificação dos 5M, inspirada no trabalho da pesquisadora da Universidade de Yale, nos Estados Unidos, Mary Tinetti. “São aspectos para os quais os profissionais de saúde e também cuidadores em casa – familiares ou profissionais – devem se atentar. O primeiro deles é Mind, “mente” na tradução do inglês.

“Observe se a mente do idoso está ativa; se ele está deprimido; se teve ganho ou perda de peso; se tem insônia. A depressão no idoso pode ser sutil – ele pode perder a vontade de fazer as coisas, ter ideia de morte; ficar agitado ou letárgico. São sinais relevantes. A gente não pode confundir toda alteração de memória com demência. Às vezes, a memória está ruim porque a pessoa tem apneia do sono e não dorme direito. Isso pode afetar a memória, sem alterar funcionalidades, como dirigir, atividades rotineiras, tomar seus remédios. Se houver alteração na linguagem, não reconhecimento de objetos e pessoas, alterações comportamentais, aí a pessoa deve ser avaliada por geriatra ou neurologista”, explica.

O Brasil tem cerca de 3,5 milhões de idosos dependentes de cuidados. Estimativas do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) indica que, até 2100, os idosos serão 40,3% da população brasileira. Por isso, além de estar atento e preparado para o envelhecimento deles - que pode ser lento e levar anos para ser notado ou mais acelerado, após o surgimento de alguma doença -, é preciso aprender a lidar, com afeto, paciência e conhecimento com essa nova realidade.  

Mobilidade

Segundo o professor Luis Felipe, o outro M relevante é o da mobilidade, que deve ser observada do ponto de vista de marcha (caminhada), se há perda de massa muscular, histórico de osteopenia ou osteoporose.

O multicomplexity, terceiro M citado por ele, pode ser traduzido como “comorbidade” – toda doença, condição ou estado físico e mental que pode potencializar os riscos à saúde da pessoa. Exemplos: diabetes, hipertensão, depressão. “Essas doenças estão controladas? O paciente conhece as doenças que tem? Isso é importante”, enumera.

O quarto M é de medicação, para o qual o geriatra aponta alertas. “Há excesso de remédios? É possível enxugar alguma coisa? Importante deixar o mínimo de outros remédios ao alcance, como anti-inflamatórios, pois estes podem ser veneno para o paciente idoso”, diz.

O quinto M está dentro da expressão ‘Never most’. “Ou seja, o que mais importa? Controlar a ferro e fogo a glicemia em 99 ou deixar a pessoa comer o doce preferido uma vez ou outra? Tudo isso é uma luz que devemos acender para melhorarmos os cuidados”, acrescenta. 

Esta matéria integra o especial "Tempo de Envelhecer:quando viramos pais de nossos pais", da Mais Conteúdo, de O TEMPO. O episódio 2 do podcast, com mais personagens e outras análises de especialistas, você ouve abaixo:
 

Faça login para deixar seu comentário