É numa cafeteria meio escondida no bairro Funcionários, na região Centro-Sul de Belo Horizonte, que bruxos e trouxas se reúnem para provar pratos inspirados na saga “Harry Potter”. Chamado de “O Cachorro Sinistro”, o espaço, idealizado pelo artista plástico Felipe Volponi, reúne um cardápio cheio de referências aos livros de J. K. Rowling, sem deixar de lado outras produções que fazem parte do universo mágico das bruxas – como o musical “Wicked” e o filme “Hocus Pocus”. Não por acaso, os sanduíches servidos no local carregam nomes de personagens famosos, como Mione, Elvira, Onilda e Morgana – este, produzido com uma pastinha de peito de peru preparada pela mãe de Volponi. 

“Não temos salgados, mas oferecemos sete sanduíches que levam nomes de bruxas e bruxos. E cada um tem um recheio diferente, com receitas da minha família, que é italiana. Então há essa pegada com pães de fermentação natural, sanduíches com ingredientes como pesto, presunto parma, frango reduzido”, explica. A relação com a família também se faz presente no ambiente, que estampa algumas fotos dos antepassados de Volponi, além de emular uma espécie de sala de uma casa de bruxos, reforçando a ideia de um espaço mais aconchegante.

As referências mais diretas ao mundo mágico, porém, ficam mesmo com os doces da casa – inclusive, no que diz respeito à apresentação de cada um deles. Entre as opções há um dedão de fada, feito com brigadeiro de ninho e biscoito, além do famoso sapo de chocolate, que, na casa, vem recheado com brigadeiro. O carro-chefe, porém, é a frappeja amanteigada, bebida que faz uma referência à cerveja amanteigada famosa na saga de Harry Potter. A receita, Volponi conta, foi buscada em Londres e adaptada para o clima brasileiro, tornando-se gelada e substituindo a cevada pelo café.

Do outro lado da cidade, na região da Pampulha, a inspiração vem do México, mais precisamente da vila mais famosa da televisão brasileira: a que abriga o Chaves e sua turma. O Sô Madruga, restaurante que também tem uma unidade em Contagem, reproduz nos drinks as influências mais diretas à série. Um deles é a xícara de café da Dona Florinda, composta por vodca, licor de marula e licor de café. Outro drink, chamado de “poção da Bruxa do 71”, faz uma referência à personagem e à crença das crianças da vila de que dona Clotilde seria uma bruxa. Servida em um caldeirão fumegante, a bebida leva gim, morango, xarope de amora, soda citrus e gelo seco. O mais pedido da casa, porém, tem como inspiração o protagonista da série. Feito com tequila, suco de limão, suco de tamarindo, citrus e Coca-Cola, o piripaque do Chaves é servido num barril semelhante ao do personagem da produção da Televisa. 

Piripaque do Chaves - Hugo Lana - Lana Fotografias/Divulgação

 

“A gente também tem bastante prato temático, como a linguiça do Professor Linguiça, a pança do Sô Barriga, além de hambúrgueres que levam o nome dos personagens”, destaca Rômulo Neto, um dos idealizadores e sócio do espaço. O sanduíche que carrega o nome do local, por exemplo, é feito com pão brioche, hambúrguer bovino de picanha, cebola caramelizada, bacon, alface-americana, tomate, molho da casa e cheddar.

Outro espaço que também leva para os sanduíches as referências a séries de TV é o The Chris, com unidades em Contagem e Betim. O gastropub tem como cenário espaços que remetem aos cômodos da casa do protagonista de “Todo Mundo Odeia o Chris”, como a sala de jantar e a sala de estar, além da escola Corleone, onde Chris Rock estuda. No cardápio de hambúrgueres, porém, é onde aparecem ainda mais referências à série, com sanduíches que levam os nomes dos personagens, como Caruso, Chris, Greg, Julius e o mais pedido: Rochelle, feito com pão brioche, blend bovino, cream cheese, geleia de pimenta agridoce, maionese especial, bacon e cebola crispy. “Ele pega um pouco da personalidade da personagem, que, apesar de ser apimentada, também é doce”.

Sanduíche Rochelle é feito com pão brioche, blend bovino, cream cheese, geleia de pimenta agridoce, maionese especial, bacon e cebola crispy

Referências lúdicas 

Com decorações e sobremesas temáticas que variam a cada dois ou três meses, a Estação Camargos, espaço gastronômico que ocupa a região Noroeste de Belo Horizonte, mergulha em símbolos mais lúdicos e trocadilhos para a apresentação dos pratos. Por lá, é possível comer coxinhas de frango servidas numa roda gigante, uma porção de batatas fritas, requeijão e cupim desfiado dentro de um ônibus escolar, além de uma porção que reúne vários tipos de carnes e mandioca em uma pá – daí o nome “pá de coisa”. 

Coxinha sem massa recheada com frango e requeijão é servida em roda gigante Foto: Flavio Tavares/O Tempo

 

A ideia do espaço, que tem temáticas variadas – por lá já passaram decorações inspiradas em games e séries, como “Stranger Things” e até mesmo o bruxinho Harry Potter –, surgiu do desejo de criar um lugar que fosse diferente. “A gente queria fazer um lugar que proporcionasse uma experiência única para as pessoas. As temáticas vieram também por isso e porque é um ambiente para toda a família, então buscamos trazer esses temas que, na maioria das vezes, têm uma referência mais infantil”, diz a gerente Diana Isaías Rocha dos Reis.