Um movimento crescente de chefs no Rio de Janeiro tem transformado a cena gastronômica local com a abertura de botecos que mesclam a informalidade característica dos bares cariocas com a essência acolhedora e os sabores intensos de Minas Gerais. Esse conceito inspirou o novíssimo Jurubeba, dos sócios Elia Schramm e Flávio Gomes.
Meses antes de concretizar o Jurubeba, o chef Elia Schramm, que já comanda as cozinhas do Baboo e Si-Chou no Rio, fez uma pesquisa de campo para orientar a abertura do seu primeiro boteco. Ele seguiu à risca um roteiro de bares em Belo Horizonte, locais que são paradas quase obrigatórias para qualquer turista na capital mineira.
“Minas Gerais tem uma cultura gastronômica rica, com pratos como o braseado, o 'pinga e frita', carne de panela, o trabalho com miúdos e o aproveitamento integral do animal, que são trabalhados como em poucos outros lugares”, enumera o chef. “Belo Horizonte estava perto do Rio, era um destino interessante e rico para entender essa cultura. Então, foi natural e óbvio direcionar minha inspiração para lá”, afirma.
Durante suas visitas à capital mineira, Elia passou por locais como Juramento, Porca Voadora, Chico Dedé, Cozinha Tupis, Bar do Degas e o Bar da Lora, no Mercado Central. “Em muitos desses lugares, a presença do dono é essencial. Percebi que, para ser um bom dono de bar, é preciso viver a experiência. Eu até precisei voltar a tomar cerveja”, brinca.
O cardápio do Jurubeba traz pratos como moela caldosa, pernil em lascas na chapa com cebola caramelizada, croquete de carne de panela e pastel de queijo Canastra. “O regionalismo carioca é fundamental. O Jurubeba é carioca, mas, em termos de técnica e apresentação, tem muita inspiração belo-horizontina”, conclui Elia.
O chef-empreendedor Thomas Troisgros, conhecido por seus diversos negócios na cidade do Rio de Janeiro, como os restaurantes Toto e Oseille, também se aventurou no universo dos botecos. Junto com sua esposa, Diana Litewski, ele criou o Tijolada, que celebra a tradição dos botecos mineiros, trazendo pratos inspirados nesse estilo e combinando com o toque urbano e descontraído do Rio.
Para o desenvolvimento do novo empreendimento, o chef se inspirou em diversas fontes. Em Belo Horizonte, contou com o auxílio do chef Caio Soter, do restaurante Pacato e do bar Pirex, que o guiou para conhecer locais icônicos como Bar do Dudi, Bar da Lora e Bola Bar.
“Se tem um povo que tem orgulho do que come e entende o que come, são os mineiros. E isso me encanta. Existe um lado descontraído no ‘comer simples’, mas sempre com uma comida maravilhosa. A comida não precisa necessariamente de um ambiente requintado para ser boa”, afirma o chef.
O cardápio do Tijolada inclui a famosa “televisão de cachorro”, com galetos assados, uma vitrine refrigerada com conservas, picles e outros preparos frescos, inspirados no bar Pirex, em BH, além de uma empadinha de queijo, que reflete a base da cozinha francesa de Troisgros. Outros petiscos também estão no menu, como torresmo, jiló com moela e caldinho de feijão e mocotó. “Montei o cardápio com o que eu gosto de comer, e as minhas técnicas podem ser aplicadas a todas as receitas; funcionam para tudo”, acredita o chef.