Preparem os paladares e montem seus roteiros, porque o Comida di Buteco vai começar! O concurso entra em sua 25ª edição nesta sexta-feira (11) e segue até o dia 11 de maio com a participação de 125 bares distribuídos pelas nove regiões de Belo Horizonte.

Confira aqui todos os 125 bares participantes do Comida di Buteco Belo Horizonte, divididos por região

A competição, vale destacar, não premia o prato mais gostoso, e, sim, o melhor boteco da cidade. Para isso, os estabelecimentos apostam em petiscos variados, investem na qualidade do atendimento e capricham na temperatura da bebida.

Tudo isso será avaliado por um júri técnico e pelos frequentadores dos botecos, mas é claro que a grande estrela do certame não deixa de ser o prato, que, neste ano, terá valor fixo de R$ 35.

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No ano em que o concurso completa 25 anos, a organização incentivou que os bares homenageassem as bodas de prata do Comida di Buteco – não somente na montagem dos pratos, mas também na preparação do bar como um todo.

“A ideia é promover uma atividade criativa para marcar a data e reforçar o significado das bodas de prata do concurso. Como se trata de um momento especial, todos os circuitos do Comida di Buteco vão eleger a homenagem mais criativa feita pelos botecos. A organização premiará as 27 iniciativas mais originais no Brasil, e os vencedores receberão um prêmio muito especial”, adianta a cofundadora do Comida di Buteco, Maria Eulália Araújo.

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O número de bares escolhido também reflete o caráter de celebração: são 125, quatro a mais que ano passado. Isso não quer dizer, nas palavras de Maria Eulália, que a ideia do concurso seja aumentar cada vez mais o número de botecos concorrentes.

 “Não dá para voltar atrás e colocar apenas 25 bares no Comida di Buteco. Então, decidimos arredondar o número como forma simbólica de reforçar o propósito do concurso e deixá-lo ainda mais com a cara de aniversário”, explica.

Também para celebrar o meio século do Comida di Buteco, a organização homenageia o Bar do Careca. Localizado no Cachoeirinha, na região Nordeste de Belo Horizonte, o bar foi o primeiro a ganhar o concurso, em sua edição inaugural, nos anos 2000, quando apenas outros nove estabelecimentos entraram no embate.

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“É uma participação hors-concours. O bar estará presente com toda a sua indumentária, vendendo o petisco original, a tradicional língua, também por R$ 35. É uma forma de homenagear o primeiro campeão, celebrando os 25 anos do evento”, comemora Eulália. 

Legado do Comida di Buteco

O Bar do Careca, aliás, mantém a essência do concurso, a de ser um boteco raiz. “Hoje, o filho do Careca continua à frente do negócio, mantendo tudo do mesmo jeitinho. Essa homenagem celebra também a história da família, que construiu uma trajetória marcante no universo butequeiro”, indica a cofundadora do Comida di Buteco, Maria Eulália Araújo.

Por falar em “cultura butequeira”, Eulália sustenta que o concurso foi um dos principais precursores para o incutir nas pessoas o desejo de frequentar os muitos botecos da cidade.

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“Lá atrás, no início dos anos 2000, o termo boteco carregava um tom pejorativo. Tínhamos até dificuldade em chamar os estabelecimentos para participarem, porque eles não gostavam de se assumir como boteco. Havia preconceito inclusive com a presença feminina nesses espaços. O Comida di Buteco ajudou a quebrar essa visão, valorizando o boteco raiz e tornando-o um espaço reconhecido culturalmente. Hoje, esse cenário mudou radicalmente, porque as mulheres lideram as participações no concurso”, salienta. 

Outro ponto que Maria Eulália destaca como de grande impacto do Comida di Buteco é a criação de um “grande inventário de receitas.”

“Muitos petiscos nascem de receitas de família – heranças de pais, mães, avós, guardadas em cadernos antigos e revistas. Todos os anos, o cardápio se renova, trazendo inovação em uma linha criativa orientada por ingredientes sugeridos ou não. Isso estimula os bares a pesquisarem, criarem, reinventarem. Essa dinâmica anual também amplia o inventário da culinária brasileira, trazendo à tona sabores e tradições que estavam escondidos”, comenta. 

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Mas o importante da contribuição do Comida di Buteco, destaca Eulália, é que o concurso “se transformou em uma grande plataforma de transformação de vidas.”

“Seja em Belo Horizonte, Porto Alegre ou qualquer cidade participante, vemos histórias de superação e mudança real. Um exemplo marcante é o Bar Pompeu, um dos que mais recebem público no país durante o concurso — com movimento intenso todos os dias da semana. São bares que cresceram, se reinventaram, pagam impostos, geram emprego e se tornaram negócios sólidos. Essa transformação é, talvez, o legado mais poderoso do Comida di Buteco”, determina Eulália.

Sem ingrediente predominante

Cofundadora do Comida di Buteco, Maria Eulália Araújo aponta que não existe ingrediente predominante entre os pratos. Uma das razões para isso é que o povo mineiro é criativo na criação dos pratos.

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“O mineiro sabe aproveitar muito bem o conhecimento culinário que possui – e isso se reflete nos petiscos apresentados. Não se vê uma repetição de ideias ou receitas. Em Minas, os bares realmente exploram a culinária de forma mais ampla e criativa. Não há reincidência nas propostas, o que mostra essa riqueza, porque os bares mineiros conseguem ir além da culinária tradicional, criando experiências completas. Dá para sentir que há um olhar mais cuidadoso e amplo sobre o que é ser ‘buteco’”, aponta.

Logo após o fim do concurso, em maio, serão divulgados os ganhadores dos 27 circuitos de todo o Brasil. No mês seguinte, jurados visitarão os 27 campeões para eleger dentre eles o melhor boteco do país. Segundo a organização, cada bar receberá três jurados: um da própria cidade e dois de locais diferentes.

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Por fim, em julho, os três melhores botecos do Brasil serão revelados em uma premiação em São Paulo. Até hoje, nenhum bar belo-horizontino ganhou o concurso nacional. Portanto, a expectativa dos mineiros é de receber este presente de 25 anos.