Em uma festa de casamento, foi apresentado o primeiro triunfo considerado balé. A dança se desenvolve, particularmente em Florença, na Itália, no palácio da família Médici, onde, nas festas, eram apresentados espetáculos chamados de trionfi – triunfos, que simbolizavam riqueza e poder.
No carnaval de Veneza, foi encenado um dos triunfos mais suntuosos, no qual os dançarinos usavam máscaras bordadas com fios de ouro e pedras preciosas, leques de plumas e mantos de seda adamascada.
O primeiro “balé da corte”, intitulado “Le Ballet Comique de la Reine”, foi um grande espetáculo, com seis horas de duração. A dança, nessa época, era quase exclusivamente masculina, mas, neste balé, começou a haver a participação de algumas damas da corte, formando o que se pode chamar de primeiro corpo de baile da história da dança. Iniciou-se, então, a formação de muitos desenhos geométricos e direções no espaço na movimentação da dança, lançando-se os fundamentos de uma nova forma de arte.
O rei Luís XIV (1638-1715) proporciona um grande desenvolvimento para a dança. Exímio bailarino, criou vários personagens para si próprio, como deuses e heróis. Sua grande aparição foi como “Rei-Sol”, aos 14 anos de idade, no balé real “A Noite”. O personagem derrotava as trevas, usando um traje de plumas brancas.
Luis XIV fundou a Academie Royale de la Danse. A chamada “comédiabalé” veio para substituir o “balé da corte”. A primeira tentativa do gênero foi “Les Fâcheux” (Os Inoportunos). O esquema da comédia era entremeado e enriquecido com bailados.
A dança saiu dos salões palacianos e chegou aos palcos dos teatros, ainda como mera coadjuvante de alguns trechos de óperas. Jean Baptiste Poquelin, conhecido como Molière, criou temas para balé, pois incluía cenas de dança em todas as suas comédias.
A Academie Royale de la Danse contava com 25 bailarinos, em algumas épocas chegando ao número de 40 profissionais, no que hoje é a conhecida Ópera de Paris. Já no Século das Luzes, um decreto real estabeleceu o regulamento do corpo de baile. A exigência de uma técnica refinada para um profissional da dança fez com que Pierre Beauchamp (1636-1705), músico e coreógrafo da Academie Royale de la Musique et de la Danse, criasse as cinco posições básicas de pés para balé, posições de braços e de cabeça que as acompanham e são conhecidas até hoje.
O czar Pedro, o Grande (1672-1725), fundou a Escola Imperial Russa, no Teatro Imperial Mariinski, hoje Kirov, berço de uma tradição que fez a glória do balé russo.
Jean-Georges Noverre (1727-1810) publica as famosas “Lettres sur la Danse” (“Cartas sobre a Dança”), um manifesto no qual é defendida uma dança espontânea, com roupas leves e rostos expressivos, buscando exprimir idéias ou paixões. Idealizou uma nova forma de dança, que preconiza o balé de ação, que se constitui numa obra coreográfica baseada em uma história dramática.
Durante a Revolução Francesa, a dança, que era financiada pela corte francesa, parou de se desenvolver por causa de problemas econômicos. O centro de interesse passou a ser a Itália, onde o napolitano Salvatore Vigano (1769-1821) inspirou-se nos princípios de Noverre para criar seus balés.
O balé romântico se desenvolve na França e se estende por toda a Europa. As histórias românticas mostravam, em sua maioria, uma heroína triste, capaz de morrer ou enlouquecer por amor. Os ideais da bailarina romântica, sublime, provocaram uma grande modificação da técnica de dança, introduzindo as sapatilhas de ponta. As roupas ficaram mais leves, o que permitiu a ilusão do etéreo da figura feminina e facilitou a fluidez dos movimentos.
Na Escola Imperial de Dança do Teatro Mariinski, em São Petersburgo, grandes mestres, como o francês Marius Petipa (1818-1910) e o italiano Enrico Cecchetti (1850- 1928), encontraram um campo fértil para seus ensinamentos. A união do estilo nobre francês ao forte virtuosismo italiano deu origem ao método russo, mais vital e adequado ao temperamento e ao físico dos bailarinos do país. Na década de 1890, Petipa montou três grandes balés sob a partitura de Piotr Ilyich Tchaikowsky (1840-1893), que são remontados e apresentados até hoje: “A Bela Adormecida no Bosque” (1890); “O Quebra-Nozes” (1892) e “O Lago dos Cisnes” (1895).
O bailarino e coreógrafo Mikhail Fokine (1880-1942) aderiu às idéias de Noverre, que defendia a fusão harmoniosa das artes: música, pintura e artes plásticas. Para ele, a dança não deveria se degenerar em pura técnica, pois seu valor estava na interpretação. Criou, em 1904, com música de Camille Saint Saens (1835-1921), o célebre solo “A Morte do Cisne”, que a bailarina russa Anna Pavlova (1881-1931) imortalizou.