CARNAVAL 2015
Crise hídrica muda tradição do Carnaval em Sabará
Chuveirão que há mais de 20 anos costumava refrescar os foliões da cidade histórica foi substituído por banho de espuma
O relógio marcava 15h e o termômetro já ultrapassava a casa dos 33 graus, em Sabará, na região metropolitana de Belo Horizonte. Mas nem sinal do tradicional Chuveirão que há mais de 20 anos costumava refrescar os foliões nos dias quentes de festa. É que em função da crise hídrica a "principal atração" da cidade foi substituída pela primeira vez, por um banho de espuma especialmente voltado para as crianças.
"Eu sou o rei da espuma", disse o pequeno João Pedro, 7, enquanto brincava com o irmão Lucas, 2. Entre um "mergulho" e outro, eles se divertiam sob os olhos atentos da mãe, a médica Fernanda Madeira, 37. "É bem popular, agradou a todos e pessoas de todas as idades. Achei que eles estão se divertindo mais", acredita.
A novidade também agradou adultos, como a vendedora de biojoias, Rosemeire Aparecida, 46, que não resistiu a cascata branca e foi brincar junto com os pequenos. "Economiza água e dá pra curtir também, foi a melhor coisa para as crianças e os adultos", disse.
A aposentada Maria Virgínia, 75, e o seu filho Giovani Rossi, 50, arrumaram um jeitinho de ganhar dinheiro durante o Carnaval, em Sabará. "Todo os anos fazemos isso porque o pessoal gosta de um banheiro mais limpo. Esses banheiros químicos no início são bons, mas no final não dá pra usar. Durante todo o Carnaval, dá pra tirar uns R$ 480 e já ajuda a pagar a conta de água e de luz", disse a aposentada, que cobra R$ 2 pelo uso do banheiro.
Em outros pontos da cidade, alguns restaurantes chegam a cobrar R$ 3 pelo uso dos sanitários.
Prefeitura. A assessoria de imprensa do município informou que “serão gastos 200 litros de água para fazer o banho de espuma do carnaval inteiro, enquanto que no ano passado chuveirão gastou 400 mil litros de água”.
O gerente de patrimônio cultural e natural da cidade Kiko Vieira, explicou que o produto usado para fazer a espuma não resseca os cabelos e não irrita os olhos. “É uma espuma especial, seca, que não deixa tão molhado”, disse. De acordo com o gerente, a água utilizada para fazer a espuma é "reaproveitada de uma fonte da cidade, com aprovação de higiene e da vigilância sanitária”, melhor do que o já antigo chuveirão que “era ligado em um hidrante e usava a mangueira do Corpo de Bombeiros”.
Apesar da economia durante a folia, o membro da comissão organizadora do carnaval de Sabará, confirmou que após a festa a limpeza da cidade será feita com água. “90%% da limpeza será com varrição, mas nas ruas mais no centro que ficam mais sujas, tem que limpar com caminhão pipa mesmo”, diz.