CRÍTICA
Planeta Brasil 2014 mostra que não há do que se envergonhar no showbiz
Pirotecnia de Axl Rose ofusca apresentação de outros artistas que também tocaram no festival; faltaram lixeiras e informações mais precisas para o público
Começando uma hora e meia depois do previsto, os shows do Planeta Brasil foram ofuscados pela histeria coletiva da prometida apresentação do Guns N’ Roses no último sábado (22), na esplanada do Mineirão. Curiosamente, a banda de Axl Rose não demorou mais de 30 minutos para começar sua segunda aparição na capital mineira, quebrando a famosa tradição de espera do público para sua entrada no palco.
Escondido atrás de um figurino de gosto duvidoso, como Michael Jackson, o roliço vocalista e único integrante remanescente da formação original do grupo mostrou que ainda consegue empolgar a plateia com suas explosões vocais agudas, enquanto transpira e se esforça para correr e dançar como antigamente. No bis, uma versão instrumental de “You can't Always Get What You Want”. Depois do clássico dos Rolling Stones, um duelo de violões e o inevitável assovio de “Patience”. Para encerrar a noitada de rock, fogos de artifício e uma chuva de papel picado coroaram um dos maiores hits do grupo, “ParadiseCity”.
Diferente da apresentação no Mineirinho, em 2010, a nova formação do Guns N’Roses provou que pelo menos no quesito técnica consegue superar seus ex-integrantes com um show de bastante impacto ao céu aberto. “Perdi o início do show por conta da apresentação do Natiruts, mas gostei muito. Valeu pela nostalgia. Estava torcendo para não chover como no Rock in Rio”, disse o administrador João Cezar Roldão Porto, 27, figura carimbada de grandes shows pelo Brasil. “Pena que o estacionamento estava mais caro do que o valor anunciado no site oficial. Acho que essas informações difusas podem causar muito transtorno para quem se programa para curtir”, critica.
Apesar de levantar a bandeira da sustentabilidade, a mega estrutura do Planeta Brasil pecou em não disponibilizar lixeiras para o público nas áreas próximas aos três palcos do evento, que ficaram muito sujas devido à grande concentração de pessoas. “Todo lixo recolhido será triado e o que for inorgânico será doado para uma entidade ainda não divulgada. O Instituto Oksigeno fará um inventário da quantidade de resíduos e gás produzido. Com os copos retornáveis usados no camarote a produção de lixo nesses espaços também foi muito reduzida”, justifica Igor Campolina, sócio-diretor da produtora Sleepy Walkers.
- 62 fogos de artifício airbursts
- 20 cascata de papel picado 30x30
- 90 rojões de 25 segundos (mines)
- 12 fogos de artifício gerb 15x15
- 40 fogos de artifício gerb 1/2 x 20
- 18 placas com 10 'cometas' de 10 segundos
- 23 relâmpagos de concussão (flash report)
- 6 labaredas de 3m (flames projectors)
Destaques. Os shows do rapper paulistano Criolo e da banda Raimundos, que subiu ao palco com a presença do baterista Fred (ex-integrante do grupo que foi acionado às pressas em razão de um acidente envolvendo um membro atual), foram os maiores destaques entre as apresentações. A programação contou ainda com Frejat, Natiruts, B-Real (Cypress Hill), Slightly Stupid, Black Sonora, Wilson Sideral, Chula Rock Band e 12 DJs de música eletrônica.
“Valeu muito a pena a espera pelo Guns. O evento cresceu e mostrou que veio para impactar a cena cultural mineira, sendo hoje o maior festival de música de BH”, comemora Campolina, que viu o público do seu evento saltar de 15 mil, em 2012, para 20 mil nesta quinta edição ao mudar a data do festival para se encaixar na agenda da banda californiana em turnê pelo Brasil.