O motel está sempre no radar do morador de Belo Horizonte. A cidade é a terceira entre sete capitais com mais frequentadores desse ambiente, perdendo apenas para Manaus e São Paulo. E, quando se consideram os mais assíduos, BH sobe no ranking: ela é a segunda localidade com o público mais fiel, chamado de “heavy user”, que vai ao motel pelo menos uma vez por mês (33%). É isso o que revela a pesquisa “Hábitos dos hóspedes e dados sobre o setor moteleiro”, publicada pela Associação Brasileira de Motéis, em 2023.
A reportagem de O TEMPO foi às ruas para saber das pessoas a opinião sobre esse tipo de ambiente. A maior parte dos entrevistados revelou gostar de frequentar o motel e, quando vão a um, dão preferência a uma queridinha: a banheira de hidromassagem. Isso reforça outro dado da pesquisa, que apontou também que o maior motivo que leva alguém a escolher uma suíte é a presença do item (68%).
Veja o ranking levando em consideração frequentadores ocasionais e heavy user:
- Manaus - 63%
- São Paulo - 60%
- Belo Horizonte - 56%
- Rio de Janeiro - 54%
- Brasília - 52%
- Curitiba - 48%
- Salvador - 44%
Para o estudante de enfermagem César França, 21, a banheira é realmente indispensável quando vai ao motel. “Se não tiver uma, eu nem piso lá”, afirma. Ele conta que vai a esse tipo de estabelecimento com frequência (“só na semana passada, foram três vezes”) e que usa o ambiente para a saideira. “Geralmente, fazemos festa no motel. Mas nem sempre rola algo. Muitas vezes, bebemos muito e dormimos por lá mesmo”, conta.
Passar a noite no motel, aliás, é a preferência geral do público, como conta o CEO do Motel Cavalo Branco, José Márcio Rocha. “A pernoite ainda é a preferência dos clientes pela tranquilidade, pelo conforto e por permitir uma experiência ainda mais completa”, aponta Rocha. Com 25 anos, ele faz parte da terceira geração proprietária do tradicional motel, localizado no trevo de Sabará. Segundo o CEO, o passar dos anos revelou algumas mudanças no comportamento dos consumidores, como a exigência de suítes temáticas.
“Investimos na arquitetura e design das suítes, trazendo experiências diferenciadas a cada quarto. Aqui temos, por exemplo, a suíte Sadomasoquista, que se diferencia pela infraestrutura, decoração e pelos atrativos que oferece ao casal. Também desenvolvemos cardápios sazonais. Agora nas Olimpíadas, nosso restaurante terá um cardápio exclusivo com comidas típicas de outros países, como Estados Unidos, Japão, Rússia, França e Grécia”, diz.
A sexóloga Allys Terayama complementa o raciocínio de Rocha, destacando que o comportamento de quem frequenta o motel mudou porque as relações também passaram por transformações. “Relações monogâmicas deram espaço para alguns casais experimentarem novas formas de prazer, como a prática de ménage. Um bom lugar para essa relação é justamente o motel, por se tratar de um lugar neutro, que resguarda a vida íntima do casal”, pondera. “Sentimos que muitos tabus e preconceitos que envolviam esses empreendimentos já foram superados”, considera Rocha.
Quem vai ao motel?
Pessoas com idades entre 18 e 39 anos são as que mais frequentam motéis, e a maioria delas são mulheres, segundo a pesquisa “Hábitos dos hóspedes e dados sobre o setor moteleiro”. A técnica de enfermagem Brenda Santos, 21, e a cabeleireira Eliara Rodrigues de Oliveira, 25, estão nessa estatística. “Fui duas vezes ao motel, e o que eu mais gosto é o café da manhã”, conta a primeira. “Gosto bastante, mas não tenho ido muito, estou meio paradinha”, brinca Eliara.
Em seus atendimentos, a sexóloga Allys Tarayama percebe que pessoas na faixa dos 35 anos são as que mais frequentam esse ambiente. “Vejo pessoas que desejam buscar liberdade por meio do sexo e estão à procura de experimentar novos prazeres. O CEO do Motel Cavalo Branco, José Márcio Rocha, afirma que não é possível fazer um levantamento exato das idades das pessoas que vão ao motel, mas apresenta um dado interessante: “No nosso perfil do Instagram, a maior parte do público tem entre 24 e 35 anos e é mulher”.
Quando as pessoas vão ao motel?
A faxineira Joselaine Aparecida Teodoro, 55, conta que se deleita quando vai ao motel. “Sou terrível, adoro um motel. É muito bom!”, exclama. Entre as ocasiões em que há mais procura desse tipo de estabelecimento, a celebração de datas comemorativas está no topo. “Meu aniversário está chegando, e estarei lá com meu maridão. Adoro usar a hidromassagem, comer um petisco. E tomo só um refrigerante, para ficar mais barato”, comenta, entre risos.
CEO do Motel Cavalo Branco, José Márcio Rocha revela que é em datas assim que o motel é mais procurado. “É perceptível que muitas pessoas escolhem os motéis para celebrar momentos especiais e datas afetivas. Prova disso é o Dia dos Namorados, que sempre tem uma taxa de ocupação acima da média – a melhor do ano –, juntamente do período de fim de ano”, pontua.
A sexóloga Allys Terayama afirma que a sensação de sair de casa para ter relações sexuais em um ambiente diferente pode elevar o desejo entre os parceiros. “Esse momento merece um planejamento se a ideia é sair do ambiente familiar. Alguns detalhes se complementam a isso, como uma boa lingerie, vinhos, tábuas de frios, chocolates e brinquedos eróticos”, aconselha.