Os homens britânicos passam quase um dia inteiro de trabalho dentro do banheiro de casa para ter tempo sozinhos. Pelo menos é o que mostra um levantamento feito em 2018 pela Pebble Grey, marca de produtos para o cômodo.
A empresa ouviu cerca de mil homens e descobriu que eles recorrem ao banheiro cerca de sete horas por ano para ter um tempo longe da família e evitar tarefas domésticas.
No Brasil, a situação pode ser parecida. O gerente comercial Adriano*, 35, por exemplo, reconhece que o banheiro de casa é seu refúgio quando procura solidão ou um tempo no celular – a mesma resposta de 23% dos homens ouvidos pela pesquisa.
“Às vezes, você quer conversar um assunto importante com um amigo no telefone e você sabe como é conversa de homem... E talvez sua esposa não possa saber, mesmo não tendo nada de mais”, diz.
No levantamento, um terço dos homens declarou que ir ao banheiro é a única forma que tem de conseguir um tempo para si mesmos, e 25% não saberiam o que fazer se não tivessem esse recurso.
Problemas entre azulejos
Especialista em atendimento de casais, a psicóloga Patrícia Saar Paz ouve relatos parecidos no consultório. “Acho (esse comportamento) problemático, e pode estar relacionado a uma dificuldade de casais e famílias administrarem um período para cada indivíduo”, diz.
O banheiro não é o único lugar de recolhimento para os homens – o carro é outro exemplo. Patrícia lembra que ter tempo sozinho para “olhar para o teto” é saudável, mas que a vontade de se esconder para isso pode ser sinal de problemas mais profundos. “A necessidade de refúgio pode ser dificuldade de falar sobre desconfortos na relação”, afirma.
A psicóloga recomenda que cada membro da família descubra algo estimulante para fazer sozinho. O comerciante Willian Ribeiro, 51, diz nunca ter se abrigado no banheiro. “Meu refúgio é sair e caminhar, faz bem para distrair a cabeça”, conta.
Patrícia reforça que não deveria ser difícil conseguir tempo sozinho. “É só dizer que quer ficar um tempo em um canto, na sala, no quarto. Assim, todo mundo fica na mesma sintonia, e ninguém sente que algo está sendo escondido”, pondera.
Quem limpa o refúgio
Ainda que seja o “esconderijo” deles, 44% dos entrevistados admitem que quem costuma limpar o banheiro são as esposas – cenário confirmado por 72% das mulheres ouvidas em outros levantamento da Pebble Grey.
Adriano* confirma o padrão: “Me dá vasilha ou roupa para lavar, mas não banheiro, ainda mais que minha mulher é exigente e confere a limpeza. Tem que lavar box, vaso, parede, pia, não tenho paciência”, diz.
Paz e sossego
Mulheres
A pesquisa também ouviu mil mulheres, e um quinto declarou que recorre ao banheiro para um momento de paz.
Importunação
Uma em cada 10 visitas ao banheiro é interrompida: eles são mais interrompidos pela parceira; no caso delas, os filhos costumam atrapalhar.
* Entrevistado não quis se identificar