Uma simples mensagem que parte de um número desconhecido convidando para uma conversa pode ser uma armadilha para que o usuário seja vítima de golpes, roubo de dados ou ameaças. Esse mecanismo de ação, conhecido como “Momo”, que já levou a morte um menino de 9 anos no Recife, quase fez mais uma vítima. Uma adolescente de 13 anos cortou o próprio pulso em Jaboatão dos Guararapes, também no Estado de Pernambuco, após ameaças enviadas por uma rede social.
De acordo com a Delegacia de Polícia de Crimes Contra a Criança e Adolescentes e Atos Infracionais, as mensagens diziam que se a menina não se machucasse, sua família morreria. No momento em que a jovem se feria, sua mãe estava em casa e a impediu de continuar, segundo o jornal “Extra”.
Repetindo o funcionamento do jogo Baleia Azul, que viralizou no ano passado, no caso da Momo, uma imagem feminina de cabelos pretos, aparência cadavérica e olhos bem grandes manda a vítima fazer os mais variados desafios, que podem chegar ao pedido de enforcamento e de suicídio. Além disso, quando os usuários caem na armadilha e aceitam o contato, seu número de celular, sua foto e suas demais informações disponíveis no perfil do aplicativo ficam acessíveis para o administrador do perfil da Momo.
A situação reacendeu a preocupação de pais e educadores em todo Brasil. Em Belo Horizonte, pelo menos três escolas já admitiram estar em alerta em relação aos perigos da Momo, e ter enviado comunicados aos pais sobre os cuidados no uso das redes sociais pelas crianças.
A Organização Não Governamental (ONG) Safernet Brasil vem acompanhando os desdobramentos sobre mais esse suposto desafio. A ONG publicou uma nota em seu site reconhecendo que proibir o acesso a internet, confiscar celular e monitorar o uso de aplicativos através de programas “espiões” são medidas pouco educativas e fadadas ao fracasso. A organização acredita que é parte do desenvolvimento saudável e da preparação para a vida adulta que o adolescente desenvolva habilidades para lidar com os riscos à sua volta.
“A tentativa de eliminar qualquer exposição a riscos em espaços públicos como a internet é praticamente impossível, e os pais e a escola precisam conversar de forma franca e aberta sobre como os adolescentes podem lidar e responder a esses riscos”, diz o texto.
Rosto do contato veio do Japão
A origem da imagem “assustadora” é japonesa e pertence a uma escultura de uma mulher-pássaro que foi exposta em 2016 em uma galeria de arte em Ginza, distrito de Tóquio, atribuída a Keisuke Aisawa. Momo é o termo pelo qual ficou conhecida essa obra de arte oriental.
Os números de celulares que provocam as ameaças ou disseminam os convites mudam conforme o fenômeno circula entre os países e cidades (mudam os prefixos e os quatro primeiros dígitos depois do “+” no número do telefone). O contato também pode ser feito pelo Facebook.
O que fazer
Orientar crianças e adolescentes a ter cuidado ao adicionar desconhecidos em aplicativos de conversa como o WhatsApp
Pais e educadores devem alertar os jovens para bloquear o suposto usuário “Momo”, não iniciar a conversa e não compartilhar informações
Caso tenha sofrido ameaça a sua integridade física, financeira ou emocional, busque uma Delegacia de Polícia Civil para registrar um boletim de ocorrência
Os riscos envolvem:
- Dar acesso a informações pessoais
- Receber conteúdos impróprios ou violentos
- Instalação de programas maliciosos para roubo de dados
- Ameaças de agressões e exposições online e offline
- Extorsão financeira e ameaças de morte
- Provocações para desafios que podem gerar dano ou estimular autolesão
Fonte: Safernet Brasil