O Brasil teve falhas para conter a transmissão e o achatamento da curva de transmissão do coronavírus. A conclusão é de um estudo do Centro de Desenvolvimento e Planejamento (Cedeplar) da UFMG, que analisa as políticas públicas adotadas pelo governo federal em comparação com outras nações.

Ao todo, foram analisadas 182 medidas de enfrentamento da pandemia no Brasil entre 31 de dezembro e 15 de abril em quatro diferentes frentes: achatamento da curva de casos, aumento da capacidade de enfrentamento (com melhoria da infraesutrutura hospitalizar; aumento de recursos humanos e até mesmo a regulamentação da telemedicina, no caso do Brasil); mitigação (com ações econômicas e sociais) e a governança (como a criação de comitês especializados em cidades,  Estados e pelo governo federal para ações conjuntas).

Os cerca de 50 pesquisadores, de ao menos 20 países, concluíram que o governo federal não contribuiu para o achatamento da curva de casos de Covid-19,  já que não implementou medidas centrais de distanciamento social, deixando com que Estados e municípios decidissem por si só quais protocolos deveriam adotar. Além disso, não obteve testes suficientes na comparação com outros países da região e os desenvolvidos.

“Não foi feita uma quarentena nacional, ficando essa norma a cargo de estados e municípios. Isso gera um problema de conscientização da população, causando uma crise ainda maior de incertezas, já que o vírus, a pandemia, é uma grande incerteza. Não foram vistas ações do governo federal em relação a isso, e a população ficou insegura: saio ou não saio de casa, devo ou não respeitar a quarentena, prefeitura fala uma coisa, Estado fala outra. Não houve esse comando central”, explica a pesquisadora da UFMG Fernanda Cimini, que participou do estudo.

Ela também explica que a intenção do estudo não é apontar erros mas, sim, chamar a atenção para as mais de 200 medidas normatizas que o Brasil teve entre o período analisadas que não necessariamente foram intensas no seu grau de rigidez no enfrentamento ao coronavírus. “Foram muitas políticas que não foram coordenadas pelo governo federal”, complementa Cimini.

Ouça o podcast de O TEMPO com a pesquisadora Fernanda Cimini

 

Veja abaixo alguns dados do estudo

182 medidas foram analisadas no Brasil entre 31 de dezembro e 15 de abril

Governo federal não promoveu a conscientização, estimulando o comprometimento da população no combate à pandemia de coronavírus.

Ficou a cargo de Estados e municípios as decisões em relação ao distanciamento social

Governo federal não expandiu a capacidade de testes:

Brasil 0,49%

Países da região: 2,03%

Países desenvolvidos: 15,6%

Questionado sobre o estudo, o Planalto disse que não vai se pronunciar.