Se tem uma orientação quase padrão recomendada pelos nutricionistas é a de que as pessoas devem comer de três em três horas. Mas esse regra parece estar sendo substituída por um método bastante polêmico – o do Jejum Intermitente (JI) – em que, para emagrecer, as pessoas devem ficar até 24 horas sem comer, pelo menos duas vezes por semana.

Uma das adeptas é a atriz Deborah Secco, que atribuiu ao jejum a rápida recuperação da forma, poucos meses depois do parto da filha Maria Flor. Em entrevista à revista “Glamour”, a atriz contou que chegou a engordar 19 kg, mas depois, por indicação de sua nutricionista, passou a se alimentar a cada 23 horas para “secar”.

“Quando eu chegava no estágio de fome, comia seis bifes com queijo, quatro ovos, bacon... daí só sentia fome dez horas depois. Quanto mais gordura, mais tempo entre as refeições”, disse à revista.

Nessa nova “moda” de ficar sem comer, a regra número um é estabelecer uma prática planejada do jejum, na qual a pessoa, sob orientação de um profissional de saúde, define os momentos em que vai ou se alimentar, baseando-se em diferentes protocolos que tentam imitar o padrão alimentar do homem primitivo.

Uma das metodologias mais restritivas é o “Eat Stop Eat” (Coma, pare, coma, em tradução livre). Idealizado por Brad Pilon, autor do livro de mesmo nome (disponível apenas em inglês), o método recomenda não comer nada por 24 horas, uma ou duas vezes por semana e, ao sair do jejum, optar por uma refeição de tamanho normal. Além de praticar exercícios regularmente, inclusive nos dias de jejum.

Os adeptos e idealizadores dos principais protocolos defendem que o corpo humano está adaptado para passar por períodos de privação de comida, seja por religião ou por hábitos culturais, sem que isso seja um sofrimento. Para essas pessoas, o JI não é uma dieta, mas sim um “estilo de alimentação”.

Orientações. Várias mudanças acontecem no corpo quando ficamos longos períodos sem alimentação, mas a principal delas diz respeito à insulina, de acordo com o médico Vitor Azzini, criador do “Método do Homem Super Saudável”. “Quando a pessoa faz o jejum, ela reduz os níveis de insulina e aumenta a quantidade de glucagon, um hormônio que faz a função oposta, reduzindo o armazenamento de gordura do corpo e transformando essa gordura em glicose”, afirma (veja a infografia).

A prática, porém, não serve para todos, conforme alerta Lupércio Farah, nutricionista e doutor em medicina bioquímica, da clínica Be Light Estar Bem. “Sem o respaldo de um profissional, fica sem sentido e arriscado. A pessoa pode ficar com a glicose baixa, ter dor de cabeça, desmaios e enjoo. Os benefícios aparecem para quem está preparado, quem não está não tem a menor chance de dar certo”, diz.

Segundo Farah, para quem quer obter hipertrofia (ganhar massa muscular) pode não funcionar, pois o jejum pode levar a perder músculos e não gordura. “Para fazer o jejum, o corpo tem que saber usar a gordura em excesso. Se a pessoa está engordando, é preciso, antes consertar a dieta”, afirma o nutricionista.

Comida. Na janela alimentar, os protocolos de jejum intermitente orientam o consumo de gorduras boas, ovo, abacate e proteínas, e a diminuição de carboidratos. “Pode ser uma boa estratégia para quem já tem pouca gordura no corpo. Não adiante quem é gordinho querer fazer”, diz Farah.

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Conheça diferentes protocolos

Leangains (ou Método 16/8): consiste em jejum diário de 16 horas e janela alimentar de oito horas. Durante o jejum, só é permitida a ingestão de líquidos não-calóricos.

Dias Alternados: possui variações. Alguns rituais admitem ingestão de 500 calorias durante os dias de jejum. Os períodos sem comer podem chegar a até 36 horas.

Dieta do Guerreiro (Warrior Diet): consiste em comer frutas e vegetais durante o dia e fazer grande refeição rica em proteínas à noite. A brecha de alimentação é de quatro horas.

Coma quando a fome chegar: recomenda pular refeições ao longo do tempo, quando você não sentir fome. Indicado para quem sabe diferenciar fome de vontade de comer.