COMPORTAMENTO

Fora estresse: casal deve ser agir como equipe, construindo uma boa comunicação

Pesquisa mostra que atitudes negativas influenciam na maneira como o parceiro nos percebe


Publicado em 04 de julho de 2023 | 07:19
 
 
 
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Com o embaralhamento da fronteira entre trabalho e vida privada, durante a pandemia, os consultórios de terapeutas de casais viram o número de pacientes aumentar, evidenciando um problema muito comum na vida a dois, quando os parceiros não conseguem evitar que as questões relacionadas ao trabalho interfiram de maneira decisiva na convivência, promovendo a deterioração gradual até o seu rompimento. 

“As pessoas ficaram mais juntas, ocupando o mesmo espaço, e os conflitos na relação, consequentemente, cresceram”, observa Simone Alípio, que é psicóloga clínica e terapeuta de casal. O trabalho não é a origem do problema, mas a maneira como cada um lida com ele. Se é motivo de estresse diário, provavelmente ultrapassará o ambiente profissional e transformará a vida amorosa numa gangorra, cheia de altos e baixos.

O estresse não é provocado apenas pelo trabalho, mas é, sem dúvido grande gerador de problemas dentro de casa. Um estudo publicado na revista “Social Psychological and Personality Science”, no ano passado, mostra como acontece a mudança de percepção sobre o companheiro após este sofrer um aumento elevado de hormônios no corpo, em especial a adrenalina e cortisol – a primeira resposta fisiológica a situações aflitivas. 

Ao passar pela porta da sala, após um dia de serviço extenuante, o comportamento “não vira a chave” e passa a permear a maneira como o outro o enxerga, ressaltando uma forma negativa. Segundo o estudo, realizado com 79 casais heterossexuais recém-casados que foram acompanhados durante dez dias, por meio de questionário, as atitudes potencialmente mais desagradáveis ganham mais e mais atenção.

Enquanto os adjetivos negativos passam a ser mais ressaltados, os positivos – aqueles que possivelmente levaram à união dos parceiros – são jogados para escanteio. “O estresse tende a distanciar esse casal, impactando a comunicação entre eles e diminuindo a intimidade. Eles só verão o lado negativo, aumentando as críticas ao outro”, afirma Simone, que, numa situação-limite, vira uma espécie de mediadora dessa relação. 

Ela frisa que os parceiros têm que olhar para o outro como uma dupla, em que o trabalho tem que ser conjunto para fazer tudo funcionar. É como se fosse uma dupla de vôlei de praia, em que ora um levanta para o outro cortar, ora recebe a bola redondinha para mandá-la à quadra adversária. Esse movimento deve ser contínuo. Do contrário, a derrota é certa – no caso, a dissolução do matrimônio.

“É preciso trabalhar o diálogo, validar o sentimento do outro, ser compreensivo e se colocar no lugar do outro. É preciso entendê-lo como um parceiro de equipe, em que um pode contar com o outro. Não se pode guardar as coisas, mas sim dizer aquilo que incomoda, e nunca se esquecer de elogiar o companheiro ou companheira”, destaca a psicóloga, que oferece algumas dicas em seu perfil no instagram @simonealipiopsicologa.

Ela explica que o seu papel é fazer com que vejam outros ângulos da relação, percebendo a dinâmica do relacionamento e buscando juntos soluções. “Vamos apontar o que têm em comum, fortalecer o diálogos e construir consensos. Um dos maiores gargalos é a falta de comunicação”, detalha. Um dos “para casa” é promover momentos “em que estarão juntos por inteiro, durante a refeição ou mesmo numa atividade doméstica, como lavar pratos”. 

Desde o início da relação, aconselha Simone, é preciso estar atento aos sinais de desgaste. Para evitá-los, é importante conhecer a “linguagem” do outro. A psicóloga cita o livro “As 5 Linguagens do Amor” (Editora Mundo Cristão, 256 páginas), best-seller assinado pelo pastor batista Gary Chapman. “É um livro de autoajuda que pode proporcionar uma vivência com maior leveza, que vão de toque físico e presentes a atos de serviço como levar o café na cama”, sugere.

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