Estética

Harmonização facial com ácido hialurônico apresenta riscos

Mulheres tiveram rostos deformados após aplicação de substância e lutam para corrigir problema


Publicado em 15 de abril de 2019 | 03:00
 
 
 
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O objetivo da jornalista recifense Priscilla Aguiar, 33, era empinar a ponta do nariz e deixá-lo com a aparência mais fina. Porém, o uso do ácido hialurônico resultou em necrose e 12 dias no hospital. O problema começou a aparecer menos de dois dias após o preenchimento. “Fui internada com necrose de 1,3 cm na ponta do nariz, 0,9 cm à direita e 1 cm à esquerda”, contou. O caso aconteceu em abril do ano passado. Priscilla precisou usar uma enzima para “combater” o ácido hialurônico e ainda faz tratamentos para tentar corrigir o problema.

As complicações mais graves podem envolver até cegueira e Acidente Vascular Cerebral (AVC). As complicações a partir da aplicação do ácido ocorrem, segundo especialistas, por razões como o uso exagerado da substância e a aplicação feita de forma errada pelo profissional que, muitas vezes, não tem a formação necessária para realizar o procedimento estético.

O ácido hialurônico é produzido naturalmente pelo corpo e estimula a produção de colágeno. Com o passar dos anos, o ácido fica menos presente nas células – o que causa para a perda de elasticidade. “É usado para corrigir áreas de imperfeições de volume e também para fazer a estimulação de colágeno”, explica a coordenadora do Departamento de Cosmiatria da Sociedade Brasileira de Dermatologia, Alessandra Romiti. A médica recomenda que, antes da aplicação, o interessado passe por exames clínicos.

O presidente do Conselho Regional de Odontologia de Minas Gerais (CRO-MG), Alberto Magno da Rocha, corrobora que o procedimento deve ser feito por profissionais capacitados. Ele ressalta os riscos da aplicação em locais errados: “É preciso conhecer a anatomia e não comprimir vasos para que não prejudique a circulação dos tecidos vizinhos (o que pode causar necrose)”.

Uma belo-horizontina, que pediu anonimato, passa pelo mesmo problema de Priscilla. Após fazer a aplicação, o rosto ficou deformado. “Eles (empresas) vendem beleza. Eu queria ficar mais jovem, tirar linhas de expressão, reduzir a papada, fazer uma harmonização facial”, conta. Ela ainda está à base de remédios e procura uma solução na Justiça.

Impasse

A Sociedade Brasileira de Dermatologia orienta que o procedimento seja realizado por um médico dermatologista ou por um cirurgião plástico. Já o presidente do CRO informou que cirurgiões dentistas também podem realizar o procedimento – já que esse profissional passa todo o curso se especializando na face.

Minientrevista

Alessandra Romiti

Dermatologista do departamento de Cosmiatria da Sociedade Brasileira de Dermatologia

Quais são as indicações para uso do ácido hialurônico?

É indicado para a reposição do volume perdido na face, correção de áreas de imperfeições de volume e estimulação de colágeno. Ajuda a manter o rosto mais jovem.

Há uma quantidade segura para o uso da substância?

Depende do paciente. Uma parte muito importante do procedimento é a avaliação inicial, o exame físico para definir a quantidade necessária para que o paciente tenha bons resultados. Não existe um intervalo padronizado entre as aplicações. Isso vai depender de cada paciente.

Pode haver reações adversas?

Sim. Existem várias marcas de ácido hialurônico, cada uma com suas características. O profissional precisa conhecer a marca que vai usar para diminuir o risco de efeitos colaterais. A quantidade também pode dar efeitos adversos, tanto com relação a má técnica quanto a excesso de volume. No exame clínico, é preciso ver os riscos de alergia e o perfil alérgico do paciente. Se aparecerem efeitos colaterais, o paciente deve procurar o profissional que fez o procedimento para que ele possa fazer a condução do caso de forma a prevenir uma eventual complicação futura.

Quais reações adversas podem ser provocadas pelo uso do ácido hialurônico?

A pessoa pode ter infecção, edema (que é o aumento de volume, inchaço), resultado inestético e oclusão vascular com risco até de necrose e cegueira.

Quais profissionais podem realizar esse tipo de procedimento? 

A Sociedade Brasileira de Dermatologia orienta que o procedimento seja realizado por um médico dermatologista ou por um cirurgião plástico.

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