A Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou ontem a adoção de uma técnica de esterilização que usa radiação contra o mosquito causador de doenças como a dengue, a zika e a chikungunya. O processo se chama Sterile Insect Technique (SIT), ou “técnica do inseto estéril”, em português.
O método envolve criar e liberar milhares de mosquitos machos incapazes de se reproduzirem. Soltos na natureza, serão inférteis e, mesmo que eles se acasalem com as fêmeas, não terão prole.
A ideia é que, ao longo do tempo, a população de mosquitos da espécie Aedes aegypti possa diminuir, especialmente nos países tropicais, mais afetados pelas doenças. As fêmeas do mosquito são as que picam pessoas e animais e, assim, transmitem os vírus causadores das enfermidades.
O SIT é uma parceria da OMS com o Programa Especial para Pesquisa e Treinamento em Doenças Tropicais (TDR), a Agência Internacional de Energia Atômica (Aiea) e a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO, na sigla em inglês).
A técnica foi desenvolvida pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, visando ao combate de insetos e pestes que atingem o setor agropecuário. Atualmente, já vem sendo usada na agricultura em seis continentes.
Segundo o entomologista Jérémy Bouyer, da divisão conjunta de técnicas nucleares em alimentos e agricultura da FAO e da Aiea, “o uso dessa técnica no setor agrícola nos últimos 60 anos mostrou que é um método seguro e eficiente”.
Mundo. A região da América Latina e do Caribe registra um recorde histórico de casos de dengue, com o maior número no Brasil, México, Nicarágua, Colômbia e Honduras, mas com maior incidência nos países da América Central, informou a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas). Até o final de outubro, mais de 2,7 milhões de casos de dengue haviam sido registrados na região, o que representa 13% a mais do que o registrado em 2015, quando ocorreu a última epidemia.
Em comunicado divulgado à imprensa, o cientista-chefe da OMS afirma que metade do mundo enfrenta os riscos da dengue. “E, apesar dos nossos grandes esforços, não está sendo suficiente”, diz Soumya Swaminathan. “Precisamos desesperadamente de novas abordagens, e essa iniciativa é promissora e empolgante”, acrescenta.
De acordo com a OMS, os males transmitidos pelo Aedes, como malária, dengue, zika, chikungunya e febre amarela, correspondem a 17% de todas as doenças infecciosas que ocorrem em todo o mundo. Isso quer dizer que causam mais de 700 mil mortes por ano.
Brasil. De acordo com a última atualização epidemiológica da Opas, de 11 de novembro, o país aparece com o maior número de casos de dengue (2.070.170), seguido do México (213.822), Nicarágua (157.573), Colômbia (106.066 casos) e Honduras (96.379 casos). Mas quatro dos cinco países com as maiores taxas de incidência, que relacionam o número de casos por 100 mil habitantes, estão na América Central: Nicarágua (2.271), Belize (1.021), Honduras (955,5) e El Salvador (375). O Brasil registrou 711,2 casos por 100 mil habitantes.