Batizado de “Infinity Dress”, um dos looks desfilados pela grife Dior na última segunda-feira, em Paris, levou quatro meses para ficar pronto. Na passarela, o vestido branco, do qual saia uma armação composta de quatro bases cobertas de plumas que se moviam de forma cíclica em torno do corpo, parecia estar vivo, sugerindo uma espécie de mulher-pássaro na passarela.
Peças conceituais como a acima descrita, confeccionadas em ateliês de forma exclusiva, habitualmente integram o repertório da semana de moda mais desejável do calendário de moda anual, a de alta-costura, que foi encerrada na última quinta-feira (4). É ali que as grifes ganham o título de maison – “casa”, em francês. Vale lembrar que, para ser considerada uma casa de alta-costura, é preciso atender a uma série de normas, tais como ter uma equipe de no mínimo 15 pessoas no ateliê, elaborar peças exclusivas e feitas à mão, realizar desfiles duas vezes ao ano e apresentar uma coleção de ao menos 35 looks, para o dia e para a noite. Essas normas inclusive foram regulamentadas por um órgão do governo francês chamado de Féderation de la Haute Couture et de la Mode, criado em 1868.
Na realidade
Este ano, de forma geral, maisons consagradas de alto luxo, como Chanel, Givenchy e Dior, incorporaram o revival dos anos 80 na moda e investiram em propostas nada tímidas para produções que, em breve, poderão vestir celebridades em premiações dignas de um red carpet.
Mas não só. Por mais que esse universo possa nos remeter a uma atmosfera bem distante da realidade, são desses poucos – mas disputadíssimos e relevantes – desfiles que muitas grifes especializadas em moda festa ficam de olho para extrair referências para suas criações.
A maison Valentino, por exemplo, não economizou no exagero, e usou, em seus vestidos-desejo, plumas, estampas com referências japonesas e cores vibrantes. A apresentação da Chanel, agora sem Karl Lagerfeld, foi uma das mais esperadas, já que foi o primeiro desfile sob o comando de Virginie Viard, nova diretora criativa da maison. Para honrar seu DNA, a grife manteve o tom sóbrio, com a estampa e o tweed tradicionais da label.
Sustentabilidade
Vale lembrar que muitas grifes trocaram o uso de pele animal pela alternativa sintética, que, vamos lembrar, é altamente poluente.
O francês Jean Paul Gaultier, por sua vez, fez sua opção por plumas, estampas e jogos ópticos. “É uma coleção completamente sem peles”, declarou ele, que trabalhou durante 30 anos com elas.
Já a britânica Clare Waight Keller, diretora artística da Givenchy, descartou voltar às peles falsas após tê-las empregado em sua coleção 2018. O material mais utilizado agora também são as plumas.