Saúde

Bruxismo atinge cerca de 40% dos brasileiros e pode levar a cirurgia

Desordem funcional leva ao apertamento e ranger dos dentes


Publicado em 23 de fevereiro de 2019 | 03:00
 
 
 
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São Paulo. O bruxismo é uma desordem funcional caracterizada pelo apertamento ou ranger dos dentes durante a noite. Com diferentes causas, sendo a mais comum o estresse, a condição tem uma variedade de tratamentos que incluem, por exemplo, botox, fisioterapia e quiropraxia. Todas podem ser combinadas com a tradicional placa dentária.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 30% das pessoas no mundo sofrem com bruxismo. No Brasil, esse número pode chegar a 40%.

Alguns dos sintomas do bruxismo são dor de cabeça, no pescoço, na face e na região das têmporas. “Em uma pessoa com bruxismo, o travamento dos dentes aumenta 40 vezes, porque a tensão é muito forte. O problema é que o diagnóstico geralmente ocorre em fase tardia, quando o dente está desgastado, fraturado ou quando alguém da família chama atenção”, afirma Artur Cerri, consultor científico da Associação Brasileira de Cirurgiões Dentistas (ABCD).

Outro motivo para o diagnóstico tardio é o fato de as pessoas buscarem solução apenas para os sintomas. “Elas acabam buscando um neurologista, um otorrino. Por conta do diagnóstico demorado, o bruxismo aumenta, mas, logo que se identifica, o tratamento é simples”, diz Fabiana Oliveira, fisioterapeuta especialista em disfunção temporomandibular (DTM).

Segundo Fabiana, a placa dentária de acrílico é usada na maioria dos casos, uma vez que o paciente já tem desgaste dentário significativo e, involuntariamente, continua apertando os dentes. “Mas, muitas vezes, tira a placa e volta a acontecer”, acrescenta Cerri. Associada à placa, a fisioterapia atua com exercícios de fortalecimento e alongamento para que a pessoa volte a ter a plena função da articulação temporomandibular (ATM), explica Fabiana.

Recuperar essa função é importante porque o bruxismo tem impactos socioemocionais. “O paciente não consegue se alimentar, tem dificuldade de comer algo mais duro. Geralmente, ele passa por isso há muitos anos, não consegue trabalhar, se socializar. Por conta da ansiedade, gera problema psicológico também”, diz a fisioterapeuta.

O consultor Artur Cerri diz que o botox também é usado e, para ele, é o que mais funciona. “Mas a ação é temporária, e novas aplicações precisam ser feitas”, afirma.

Outra técnica que pode ser aliada no tratamento do bruxismo é a quiropraxia, que atua na desordem muscular e articular. “A cervical tem ligação direta com essa região da mandíbula, e a quiropraxia ajuda que a movimentação da articulação da mandíbula ocorra de forma mais correta”, explica Thiago Claro, especialista em quiropraxia.

Cerri afirma que, via de regra, não há necessidade de cirurgia em casos de bruxismo. No entanto, Fabiana explica que, em casos mais graves, o travamento dos dentes faz com que o disco articular da ATM saia do lugar.

 

Quem tem o problema costuma ficar sabendo pelo parceiro

A pressão sobre a mandíbula e os dentes acontece mais quando as pessoas estão dormindo, mas também quando estão concentradas em fazer algo ou estressadas, segundo o serviço de saúde pública britânico, o NHS.

A maioria das pessoas que contraem a mandíbula e rangem os dentes não sabe que tem esse hábito involuntário. “Quem normalmente descobre mais facilmente são as pessoas que são acordadas por seus maridos ou mulheres devido ao barulho”, disse o dentista Nigel Carter, da Fundação Britânica de Saúde Oral, à BBC, em reportagem sobre o assunto.

“Ranger os dentes é cerca de 40 vezes mais potente do que mastigar”, disse o dentista britânico.

Especialistas normalmente vinculam o problema a estresse e ansiedade – fatores que, no mínimo, agravam o problema. O bruxismo também pode ser causado por transtornos do sono, como apneia e roncos. (Da redação)

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