Alguns culpam o “santo”; outros, a “energia”. O fato é que algumas pessoas não causam uma boa primeira impressão, e o sentimento de antipatia toma conta antes mesmo que se possa conhecê-las. A estudante Beatriz Rodrigues, 19, revela que já passou por situações assim. “Se meu santo não bate, não procuro graça. Não gosto de conversinha fiada com quem não me entroso”, dispara ela.
“Estruturas cerebrais mais primitivas, que não diferenciam a situação imediata em que a pessoa está inserida”, são apontadas pelo neuroterapeuta, coach e palestrante Tuiã Linhares como as responsáveis para que esse tipo de situação aconteça nos mais diferentes contextos.
Isso significa que alguns sinais que um indivíduo emite evocam em nós lembranças de experiências ou de pessoas desagradáveis, o que acaba disparando essa sensação ruim. Linhares diz que esses sinais podem ser características físicas, tom de voz, gestos específicos, microexpressões, formas de se vestir, cheiros e até mesmo o nome da pessoa.
“Nossos mecanismos cerebrais de autopreservação nos tornam naturalmente preconceituosos, mesmo que nos esforcemos para não ser”, diz o especialista.
O neuroterapeuta explica que esse é um mecanismo de sobrevivência inconsciente da mente. “Muitas vezes o cérebro precisa tomar decisões rapidamente, utilizando certos ‘atalhos’ que são aprendidos ao longo da vida. É por isso que, em algumas situações, detalhes na forma como uma pessoa fala, ou pequenos gestos, ou até mesmo características físicas fazem com que criemos uma primeira impressão positiva ou negativa”, diz.
Caso contrário, se o cérebro tivesse que pensar conscientemente em cada detalhe relacionado a uma pessoa ou a uma situação, nosso raciocínio seria extremamente lento e demandaria um gasto muito grande de energia.
Linhares conta que algumas pessoas, especialmente aquelas que tiveram experiências emocionais muito fortes ao longo da vida, podem ter esse sistema de alerta excessivamente ativado. Nesses casos é possível fazer um trabalho de mapeamento cerebral (neurofeedback), que consegue perceber esse bloqueio no que diz respeito a novas experiências, procurando evitar danos posteriores.
“Com um mapeamento cerebral, é possível identificar quais estruturas do cérebro podem estar tendo uma ativação acima do que seria saudável, e, com um treinamento posterior, é possível modificar esse padrão de funcionamento do cérebro, levando a pessoa a ter mais tranquilidade, menos ansiedade e mais abertura para novas experiências”, afirma.
Como lidar? Estudos mostram que confiar na intuição costuma funcionar, no entanto Tuiã Linhares diz que também é necessário ter “traquejos sociais para não parecer deselegante”.
Senso comum. Como cada pessoa enxerga o mundo com suas próprias “lentes” que filtram a realidade, normalmente criamos uma primeira impressão sobre tudo, de forma automática. “Mudar essa primeira impressão, especialmente quando ela é negativa, muitas vezes leva bastante tempo”, diz Tuiã Linhares.
Conheça as etapas do Neurofeedback:
- O neurofeedback é um processo de treinamento do cérebro realizado com um equipamento que nos permite ver em tempo real como cada área está trabalhando.
- Em um primeiro momento, é feito um mapeamento do cérebro, utilizando um eletroencefalograma. Os dados gerados pelo mapeamento permitem verificar quais áreas do cérebro estão disfuncionais ou operando abaixo da performance que seria ideal.
- O processo de treinamento ajuda a pessoa a encontrar formas de modificar o padrão de ondas produzido pelo seu cérebro. Como resultado, é possível obter aumento no desempenho cognitivo (concentração, memória, raciocínio), controle emocional (redução de ansiedade, redução de sintomas de depressão, autocontrole), melhora na qualidade do sono e mudanças de comportamento.
- O processo do neurofeedback dura de seis meses a um ano, e normalmente são realizadas de 30 a 50 sessões.
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