Sexualidade

Suor e tesão: entenda como a transpiração pode influenciar o desejo sexual

Estudo afirma que tanto o líquido quanto o cheiro produzidos pelas glândulas sudoríparas masculinas podem ser um fator de excitação para as mulheres


Publicado em 28 de abril de 2023 | 05:30
 
 
 
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É possível que o suor dos homens em estado de excitação sexual emita um odor distinto que as mulheres conseguem detectar mesmo sem estar conscientes disso? Uma pesquisa da Universidade Rice, nos Estados Unidos, afirma que sim.

Publicada em dezembro de 2009 no periódico “Journal of Neuroscience”, a enquete ciêntífica sugere que o cérebro feminino é capaz de distinguir entre o cheiro neutro e sexual do suor masculino.

“Durante o experimento, as pessoas responderam que os odores do corpo são importantes para a escolha de um parceiro. No entanto, os resultados não implicam que o suor humano seja necessariamente um afrodisíaco”, explica Denise Chen, principal autora do estudo.

Mas de que forma o cheiro do suor pode ajudar ou atrapalhar na hora do sexo?

“O olfato desempenha um papel importante dentro da relação sexual, pois estimula o sistema límbico, influenciando as resposta de dor e prazer, alterando o estado emocional da pessoa”, explica a sexóloga e terapeuta sexual Fernanda Viana.

Segundo ela, há quem realmente seja estimulado pelos sinais químicos e olfativos da transpiração.

“Tem gente que se excita com o suor e seus cheiros, assim como quem sinta repulsa. Existe, inclusive, uma atração específica chamada ‘salirofilia’ – que é o fetiche por fazer sexo com pessoas suadas –, em que pessoas se excitam ao ver o suor escorrendo e, em alguns casos, até sentem prazer lambendo ou cheirando o corpo de alguém”, afirma.

Fernanda diz que isso acontece porque existe uma relação muito próxima entre o cheiro e os nossos sentimentos.

“As mulheres captam de forma especial o suor masculino que é produzido quando estão excitados. Mas isso não é algo único dos homens. As mulheres também liberam feromônios em estado de excitação, que são captados pelo vomeronasal, um órgão bem pequeno que fica dentro da cavidade nasal. Ele costuma ser mais funcional durante a puberdade e vai regredindo com o passar dos anos, podendo não ser mais identificado quando se chega à maturidade”, informa a sexóloga.

O motoboy Igor de Almeida, 29, é um dos muitos que acreditam que suar na hora da transa não é só afrodisíaco, mas também benéfico para a saúde.

“Não é bom somente no prazer sexual, mas também para perder umas graminhas a mais”, avalia.

Já a gerente comercial Diane Rodrigues, 40, prefere ficar em cima do muro sobre o tema.

“Acho que é uma reação normal do corpo. Quando a gente está ali se exercitando, no meio de um ‘vuco-vuco’, o corpo precisa transpirar. É algo natural que não ajuda nem atrapalha”, opina ela.

Verdade e mitos

Apesar de muitos atestarem positivamente sobre o “poder” do suor e seus odores em ambientes e ocasiões sensuais, alguns estudiosos da área são mais cautelosos em torno do tópico.

“Para a ciência, ainda não existe respaldo que comprove que o odor facilita a excitação. Um ambiente não precisa de odor para ser sensual”, comenta o fisioterapeuta pélvico, terapeuta sexual e mestre e doutorando pela Universidade Estadual Paulista (Unesp), Gianluca L. M. Leme.

Ele aponta que ainda que a atividade sexual nos animais seja afetada pelo odor, pouco se sabe sobre o fenômeno entre humanos.

“Além de dar tesão para quem curte suor, não existe essa coisa de ‘feromônio’. No meio acadêmico, os feromônios são um assunto muito controverso, principalmente no que diz respeito a seu papel na mudança do ciclo menstrual”, destaca o estudioso.

Gianluca realça ainda que muita lenda foi criada em torno do impacto do suor na nossa saúde.

“Antigamente falava-se que, quanto mais suor, mais calorias estávamos gastando e, portanto, emagrecendo. Isso é um mito, pois hoje se sabe que é possível perder peso sem suar”, observa ele.

Higiene

Levando em consideração que o suor pode ser considerado atraente para algumas pessoas, é possível que nossa vida sexual seja melhor caso tomemos menos banhos?

“Aqui precisamos desfazer a visão equivocada de que o suor cheira mal. Na verdade, o mau cheiro está relacionado à decomposição da transpiração por bactérias encontradas na pele. Os banhos são necessários para que essas bactérias sejam eliminadas; caso contrário, há risco de problemas de pele e da saúde de modo geral”, alerta Fernanda Viana, antes de arrematar: “O suor que atrai pode muito bem ser produzido num corpo banhado e cheiroso. Sendo assim, não há desculpas para se fugir de um bom banho diário”, finaliza.

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