Natureza selvagem em estado bruto: cachoeiras que jorram em desfiladeiros, gêiseres que explodem a 30 m de altura, vulcões, geleiras, águas que brotam da terra a uma temperatura de 39ºC, luzes verdes que descem do céu como pingentes, fiordes que recortam o litoral. Tudo isso em uma ilha cortada ao meio pelo encontro de duas placas tectônicas, a norte-americana e a asiática, que produzem cerca de 300 tremores de terra ao ano.

Os nomes de muitos desses atrativos são impronunciáveis. Como o caso do vulcão Eyjafjallajökull, que em 2010 lançou sobre o céu da Europa espessa nuvem de fumaça e cinzas e interrompeu o tráfego aéreo nos principais aeroportos do continente. A erupção fez o turismo islandês renascer das cinzas, depois que um colapso bancário em 2008 – conhecido no idioma local como “kreppa” – alterou o equilíbrio econômico e mergulhou os islandeses em uma crise sem precedentes. A partir de então, a Islândia descobriu no turismo um forma para sair do problema.

A ilha entre o Atlântico e o mar da Noruega – até então conhecida no Brasil pelos sucessos da cantora pop Björk – nunca esteve tão em destaque nos noticiários esportivos nos últimos anos, pelas façanhas de chegar às quartas de final da Europa, se classificar para o Mundial de Futebol de 2018, eliminando Itália e Holanda, e empatar heroicamente na primeira fase da competição com a Argentina.

Porta de entrada

O aeroporto de Keflavik, de onde partem e decolam os voos internacionais, reflete o crescimento do turismo no país – o pequeno terminal vive lotado, com filas intermináveis nos guichês de atendimento e aglomeração de passageiros nas plataformas de embarque. No ano passado, mais de 2,2 milhões de turistas desembarcaram no país. Em um ano, a atividade turística cresceu 40%, isso em um país com uma população de 350 mil habitantes.

Em resumo: a Islândia está na moda, e não é de admirar que o turismo tenha aumentado tanto nos últimos anos. O país é fantástico. Não é um lugar ao qual é fácil chegar, não é barato, mas vale muito a pena, especialmente para quem gosta de ecoturismo – não é um lugar de metrópoles com edifícios gigantescos e modernos, mas de paisagens naturais únicas e impressionantes.

A densidade populacional na Islândia é baixa, cerca de 3,2 habitantes por km², mesmo assim a ilha de 103 mil quilômetros quadrados está na 190ª posição no ranking mundial. Projeta-se que o país, que cresce a cada ano – em função do distanciamento das placas tectônicas – terá 451.543 habitantes até 2066. Do volume de habitantes, 2/3 moram na região metropolitana de Reykjavík, cerca de 224 mil.

 

País mais amigável do mundo atrai muitos imigrantes

A Islândia é um país receptivo aos imigrantes. Eles representam 10,6% da população. Só no primeiro trimestre deste ano, 3.110 estrangeiros se mudaram legalmente para lá. Percorrendo a Islândia durante 17 dias, encontrei três portugueses, um sírio, um sueco, um polonês e seis brasileiros. Desde que esses números começaram a ser contabilizados, em 2006, 310 brasileiros entraram legalmente no país – o pico foi no ano passado, com 23 brasileiros. Foi o ano que a Islândia também recebeu mais visitantes em toda a história, revela a revista “Iceland Review”.

A brasileira Érica Martins Carneiro não é uma recém-chegada. Ela mudou para Islândia há 12 anos por conta da profissão do marido, um alemão que conheceu em Berlim. Do Brasil, além da família, claro, ela sente saudade do calor do Rio. O verão – com temperatura em torno de 12ºC – dura de maio a setembro. De outubro a abril, as estradas são fechadas por causa da neve, e as atrações naturais, foco do turismo, não podem ser visitadas. A luz do sol dura cerca de cinco horas, mas não se põe no verão. O inverno é tão rigoroso, brinca Érica, que nem baratas e escorpiões sobrevivem.

A adversidade climática já não a incomoda mais. “A Islândia é o melhor lugar do mundo para se criar filhos”, afirma a guia, tecendo elogios à segurança – a polícia não anda armada; o país não tem Exército; a taxa de homicídios beira 1,8% ano – e ao custo de vida. Apesar de o Produto Interno Bruto (PIB) ter encolhido de 6% para 3,5% neste ano, o salário mínimo, pago por hora, está em torno de US$ 15.

São as políticas sociais que atraem imigrantes como Érica. O desemprego atinge menos de 2,3% da população no inverno, mas no verão a mão de obra é escassa; os avanços em igualdade de gêneros é uma realidade; a comunidade LGBT tem seus direitos respeitados; saúde e educação são direitos de todos.

 

AS ESTATÍSTICAS

350.170 mil habitantes é a estimativa da população da Islândia, dos quais 178.980 são do sexo masculino e 171.130, do feminino; projeta-se uma população de 451.543 até 2066.

3,3% é a projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para 2018, uma forte desaceleração econômica; PIB tinha crescido 7,2% em 2016 contra 6% em 2017.

224 mil é o número de habitantes na Grande Reykjavík, que concentra 2\3 da população do país, reunindo as cidades Garðabær, Hafnarfjörður, Kópavogur e Mosfellsbær.