Ao lado esquerdo da estrada, a cor azul turquesa do mar da Prainha salta aos olhos e dá boas vindas ao viajante que chega a Arraial do Cabo (RJ). Localizado a 160 km da capital fluminense, o pequeno município de 30 mil habitantes da Região dos Lagos abriga paisagens raras na costa brasileira, além de um cotidiano tranquilo e preços relativamente baixos que vêm atraindo turistas de toda parte do mundo.
Há um ano me mudei para essa cidade, cuja hospitalidade me permitiu sentir-me em casa desde o primeiro momento. Ao longo desse tempo, pude explorar com calma cada uma de suas nove praias e, por seguidas vezes, ficar boquiaberta diante da beleza revelada diante de meus olhos.
A singularidade de Arraial se explica pela ressurgência, fenômeno que faz com que as camadas de águas mais profundas do oceano subam à superfície.
Carregadas de nutrientes, essas correntes atraem diversas espécies da vida marinha, o que explica a rica biodiversidade local. A ressurgência ocorre em outras partes do Brasil, mas é em Arraial do Cabo, devido aos fortes ventos, onde ela é registrada com maior intensidade no país. Não é à toa que a cidade ganhou a alcunha de “capital nacional do mergulho”, devido ao espetáculo de cores e formas encontrado em suas águas.
Se puder, fuja da alta temporada e prefira meses como março e abril, quando não há tanto vento (como em agosto e setembro) e a cidade já está mais vazia.
1- Fazer trilhas. O cabo onde encontra-se a cidade foi formado há milhares de anos, quando os fortes ventos e correntes marítimas depositaram sedimentos em três ilhas. Graças a essa formação geográfica, Arraial do Cabo oferece trilhas e mirantes naturais emoldurados por seu mar exuberante. Seja a pé ou de bike, há opções com diferentes graus de dificuldade, como as trilhas do Forno (foto), das ruínas do Farol Velho, da praia Brava e do morro da Antena.
2- Mergulho livre na praia da Graçainha. Formada na maré baixa, a Graçainha é uma pequena faixa de areia à qual se tem acesso através de trilha de cinco minutos que se inicia no canto direito da Prainha. Ali é possível nadar lado a lado com tartarugas-marinhas, símbolos da fauna local. Vale a pena investir em um snorkel ou contratar guias locais que oferecem o aluguel do equipamento e fotos.
3- Assistir a puxada de rede. Desde 1997, Arraial do Cabo é uma Reserva Extrativista da Marinha (Resex), não sendo permitido em suas águas barcos de pesca industriais. A pesca na cidade é artesanal: com linha e rede. Na Prainha ou na praia Grande, o trabalho dos pescadores é algo bonito de se ver, um traço da cultura local que ainda se mantém vivo mesmo com o turismo crescente.
4- Pôr do Sol. O sol se põe na praia Grande, que tem 40 km de extensão formada em mar aberto. O espetáculo pode ser admirado nas areias da praia ou de um dos mirantes que a cidade oferece, como o do Pontal do Atalaia, o do morro da Boa Vista (foto) ou o das ruínas da calha de concreto da antiga empresa Álcalis. Estando na praia Grande, aproveite para se sentar em um quiosques da orla e desfrutar o fim de tarde com música ao vivo e pratos com frutos do mar frescos.
5- Passeio de barco. Principal atividade turística, o passeio de barco dura, em média, três horas e meia, tendo como destaque a parada de 40 minutos na praia da ilha do Farol (foto). Reserva natural da Marinha do Brasil, a ilha tem acesso controlado, sendo o passeio de barco a única maneira de conhecê-la. O roteiro inclui, ainda, as prainhas do Pontal do Atalaia (praia da Escadaria), o Boqueirão e a gruta Azul, em mar aberto. De junho a agosto, a cidade se torna rota de baleias, sendo possível avistar os animais durante o passeio
- Bárbara Fonseca é jornalista e desde 2015 trocou moradia fixa em Minas Gerais para experimentar a vida em diferentes locais do Brasil e do mundo. Conta suas histórias no blog Posso Provar? e Instagram @barbara_possoprovar.
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