Na Bolívia, nosso país vizinho e um dos menos desenvolvidos da América do Sul, fica o Salar de Uyuni, um dos lugares mais inóspitos e incríveis do mundo. É uma planície de sal tão grande que pode ser vista do espaço, cercada por um deserto, lagos de águas coloridas e vulcões com mais de 5.000 m de altitude. Sem dúvida, uma das paisagens mais impressionantes do planeta.

À beira desse mar de sal, a cidade de Uyuni é a porta de entrada e onde começa a travessia, em jipes 4x4, até Atacama, no Chile. Alguns minutos depois de deixar a cidade já não se vê mais nada, a não ser sal, uma paisagem tão onírica e inusitada que é difícil acreditar que seja real.

Entre fotos e expressões de deslumbramento, o motorista fala sobre a cultura quechua – indígenas bolivianos – e conta casos de turistas que ficaram perdidos ou atolados por dias no salar – é fundamental escolher muito bem com quem fazer a travessia.

Um dos únicos relevos a cortar o horizonte é a ilha Incahuasi, uma colina rochosa coberta de cactos, que cria um cenário ainda mais incrível. De lá, segue-se para o pouso da primeira noite. A falta de infraestrutura faz com que a região seja um destino principalmente de aventureiros, mas poucos sabem que é possível fazer a travessia em boas condições de conforto e ficando em hotéis charmosos.

O primeiro hotel, Tayka Hotel de Sal, é todo construído de sal. À medida que o sol se põe e a temperatura cai – os dias são quentes, mas à noite, a temperatura pode chegar a -10ºC –, um vinho boliviano na varanda, aos pés de um vulcão, cercado por plantações de quinoa do povoado vizinho e com vista para o salar, faz com que rapidamente se esqueça qualquer mal-estar causado pela altitude ou pelo ar seco.

A manhã seguinte é ainda no Salar, até a parada para almoço em um vilarejo todo construído de pedras, na fronteira entre o sal e o deserto. Dali para frente, a paisagem muda completamente, mas continua tão (ou mais) impressionante. São dezenas de vulcões margeando o horizonte, enquanto o jipe corta caminhos de areia e pedra, em meio ao deserto.

Chega-se ao hotel da segunda noite, Tayka Hotel del Desierto, totalmente integrado à paisagem, 4.500 m acima do nível do mar. O restaurante toma ares de cantina, com todos conversando em torno da lareira. A comida é bem-preparada, mas a base da refeição é restrita ao que se consegue produzir na região: carne de lhama, frango, quinoa e batatas. Após o jantar, o ponto de encontro passa para o lobby, onde um cilindro de oxigênio fica à disposição dos hóspedes para aliviar o mal de altitude.

O terceiro e último dia da travessia guarda alguns dos cenários mais fotogênicos. São lagoas de águas azuis, vermelhas ou verdes, com vulcões fazendo o pano de fundo. Antes do meio-dia já se alcança a fronteira do Chile, onde troca-se de carro para seguir rumo a Atacama. É a primeira vez que se vê uma estrada de asfalto desde a chegada em Uyuni, três dias e algumas centenas de quilômetros atrás.

Para um gran finale, nada melhor que alguns dias em um dos lindos e requintados lodges do deserto chileno, no entorno da agitada vila de San Pedro de Atacama, para relaxar e recompor as energias.

 

Quick Tips

La Paz

Alta gastronomia à moda boliviana

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São Paulo (I)

Four Seasons abre as portas

Uma das principais redes de hotéis superluxo do mundo, a Four Seasons acaba de aterrissar no Brasil. Sua primeira unidade no país foi inaugurada no último dia 15, na avenida das Nações Unidas, com a tradicional elegância da marca, além do foco em um serviço personalizado e fora de série.

 

São Paulo (II)

Primeiro hotel da marca W

A rede Marriott anunciou na última semana seu novo projeto, que será um marco na hotelaria brasileira. Em três anos, será inaugurado na Vila Olímpia o primeiro hotel da marca W no Brasil, reconhecida por seu design contemporâneo e hi-tech, além de bares, baladas e festas animadas.

 

*Rafael Romeiro é expert em turismo de luxo e diretor da FVO Travel.