Alice Maria, 10, já tem destino certo nas férias: vai para a escola. Pelo menos nos dias 29, 30 e 31 de julho, a menina, que está no quinto ano do ensino fundamental, vai participar de atividades recreativas, como oficinas, teatro, contação de histórias e passeios, dentro do programa Escola nas Férias. Desde 2009, a Prefeitura de Belo Horizonte promove três dias de lazer na rede municipal, mas, de acordo com o secretário de Educação, Bruno Barral, a ideia é ampliar esse período. “A partir do ano que vem, queremos pelo menos dobrar ou então aumentar para o máximo de dias possível”, anuncia Barral.

Para a mãe de Alice, Cássia Barbosa do Carmo, além de ser uma oportunidade de brincadeira para as crianças, esses três dias são um respiro para as famílias, pois garantem diversão e segurança aos filhos. Ela trabalha na Escola Municipal Anne Frank, a mesma onde a filha estuda, no bairro Confisco, na região da Pampulha.

“Quando chegam as férias escolares, a gente fica de pés e mãos atados. Eu não tenho o mesmo período de recesso que minha filha, então ou eu pago alguém para ficar, ou então vou importunar meus parentes para pedir esse favor. E essa é a realidade da maioria”, relata Cássia.

A mãe conta que Alice chega muito feliz em casa. “É sensacional. As crianças vão para escola só mesmo para brincar. E tem também um passeio, o que é ótimo, pois nem todo mundo tem condições de pagar por uma programação”, ressalta.

O secretário de Educação destaca ainda a questão da segurança. “O Escola nas Férias é um programa muito exitoso. Muitas vezes, os pais não têm com quem deixar os filhos nesse período, e as crianças ficam mais vulneráveis. Se estão na escola, não estão nas ruas”, afirma Barral.

A previsão é atender cerca de 15 mil estudantes. Qualquer aluno entre 3 e 14 anos pode participar. “A criança nem precisa estar matriculada na escola onde ela quer se inscrever para o programa das férias, mas precisa estudar em alguma unidade da rede municipal de ensino”, explica o secretário. 

Neste ano, 79 escolas vão abrir as portas com monitores para receber os estudantes. A programação inclui um dia de passeio em espaços públicos como praças e parques, ou cinemas, teatros e clubes. A organização das atividades fica sob a responsabilidade de cada escola.

As inscrições já estão abertas e podem ser realizadas pelas famílias diretamente na escola.

Direito ao descanso

Segundo a líder das iniciativas de educação da Fundação Abrinq, Cassia Moraes Longo, quanto mais baixa a classe socioeconômica, maiores são os transtornos que as férias escolares geram, no caso de quem não tem rede de apoio. Entretanto, independentemente da renda, a criança precisa ter um momento de descanso garantido.

“No caso dos programas que funcionam dentro das escolas, temos que considerar o tempo que elas vão passar lá. Também é muito importante que elas tenham um período para reconexão com a família, embora saibamos que muitas mães não têm como ficar com seus filhos. Então, as férias na escola podem, sim, ser uma opção muito saudável”, observa.

A especialista explica ainda que estar no ambiente da escola não vai comprometer o descanso infantil. “Elas precisam de um espaço seguro, que garanta a organização das estruturas mentais e cognitivas. E, por meio da qualidade da alimentação e do sono, essas energias são recuperadas”, diz a líder de iniciativas de educação da Fundação Abrinq.